Como temos feito com alguns temas ou subtemas que crescem, fazemos uma espécie de roteiro que facilita o acompanhamento do assunto, trazendo os principais posts sobre ele. No caso da Alemanha, já passou da hora de uma visão mais completa que dê uma ideia global de como começa seu poder e por que domina a Europa. Aqui, na série sobre a Crise 2. 0, tratamos muito sobre o país, mas espalhados por vários posts. Espero, agora, melhor localizar a questão, indicando uma sequência de artigos sobre a alemanha.
Por uma questão de metodologia vamos nos concentrar especificamente nos últimos governos da Alemanha, pois o salto histórico está justamente neles, para entender as questões de hoje, algumas pistas sobre como chegou aqui já pus em alguns textos, em particular as reformas de Gerhard Schröder.
A Alemanha vinha de uma custosa reunificação, mesmo sendo a principal economia europeia, a realidade mudara muito, o Estado estava imensamente endividado, pois era preciso tornar comum o padrão de vida aos dois lados, este era o maior desafio. Quando a direita perde a eleição para Gerhard Schröder e este leva o SPD, Social Democrata, a praticar um duríssima política neo-liberal, quadros históricos se afastam do partido.
As reformas implementadas por Schröder segue o receituário básico das políticas liberais: Reforma da Previdência, flexibilização do contrato de trabalho, privatizações. A destruição do Estado de Bem-Estar Social, com a chamada “Agenda 2010″ mudou radicalmente as relações de trabalho na Alemanha. A economia alemã baseada em forte incremento em tecnologia e mão de obra especializada, agora também “barata”. A resposta que teve nas urnas foi uma derrota para uma pouco expressiva Angela Merkel.
Merkel, oriunda da Ex-Alemanha Oriental, levada ao governo por Helmut Kohl ainda nos anos 90, rapidamente cresceu na direita alemã que fora abalada pelos escândalos de corrupção do antigo primeiro-ministro, por 7 anos se manteve na oposição até derrotar Gerhard Schröder. Com uma combinação de força externa e habilidade interna, Frau Merkel galvanizou as forças da Alemanha e se impôs na Zona do Euro.
Preparada e armada fortemente, aproveitando as condições da moeda única,os números fortes da Alemanha, são o contraponto aos decadentes de Itália ou Espanha, o superavit do país é de igual tamanho do déficit dos demais, ou seja, a transferência de riqueza e acumulação é feita na mesma proporção e vista a olhos nus. Quanto mais a Alemanha cresce, mais Itália, Espanha, Grécia ou Portugal caem. A França está no meio do caminho, ou no centro do “cabo de força”.
Rapidamente, a Alemanha aprofundou o fosso que a separa dos parceiros do sul, levando a uma distância grave, que só aumentou nos últimos 3 anos: “Não é apenas trabalhadores que desembarcam na Alemanha por conta da crise em seus países de origem. Nos últimos dois anos, o mercado alemão atraiu bilhões de euros. Temendo uma quebra de bancos ou mesmo a saída da Grécia da zona do euro, os investidores optaram por levar seu dinheiro para o local mais seguro da Europa. Empresários e banqueiros alemães comemoram. Desde 2009, 1 trilhão saiu dos bancos dos países do sul da Europa, seja por conta de correntistas em busca de um local seguro para suas economias ou por conta de investidores que buscavam novas oportunidades”.(Estadão, Maio de 2012)
O conjunto de artigos mostram a dimensão do poder alemão, como toda Europa virou refém deste poder, como o país se impõe duramente sobre os demais. Boa leitura.
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2. Poder Político
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