Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: O (não)Mistério da Força Alemã

408: Crise 2.0: O (não)Mistério da Força Alemã

 

A imensa produtividade Alemã, Fábrica da Mercedes - Foto DW

Procuramos neste quase um ano escrevendo a série Crise 2.0, levar aos leitores que em Economia Política não mistérios, mesmo quando aparentemente não se consiga responder, plenamente, ou de forma satisfatória determinados fenômenos, como, por exemplo, a Alemanha é uma fortaleza diante dos demais países e se tornou predominante na Zona do Euro. Em vários artigos fui somando uma resposta mais apropriado para esta questão, que, espero, agora seja consolidada aqui.

 

Os números fortes da Alemanha, são o contraponto aos decadentes de Itália ou Espanha, o superavit do país é de igual tamanho do déficit dos demais, ou seja, a transferência de riqueza e acumulação é feita na mesma proporção e vista a olhos nus. Quanto mais a Alemanha cresce, mais Itália, Espanha, Grécia ou Portugal caem. A França está no meio do caminho, ou no centro do “cabo de força”. Observa para onde se encaminha, tende a reforças o poder alemão. Enquanto os títulos da dívida pública alemã são comprados com valor negativo para os compradores, os de Itália, Espanha e até da França atingem recorde.

 

 

Categoricamente, quem melhor produz, tem mais vantagem competitiva, consegue maximizar seu lucro e atrair mais Capital, suas empresas exportam Capital e tornam-se cada vez mais determinante no mercado, em particular na Europa, que usa moeda e mercado comum.

 

 

Esta enorme abundância de recursos (Capital) tem que ser realizado, sendo a Alemanha, na Europa, o local apropriado para este movimento. A lógica é perversa, quanto mais outros afundam, mais a Alemanha se fortalece, dai a resistência dela em não ceder um milimetro ao desespero dos outros países mergulhado na crise.

 

 

Num artigo de  Sílvio Guedes, do Estadão ele resume bem: “Não por mera coincidência, a escalada das exportações alemãs ocorreu principalmente em cima de países que mais tarde se tornaram o foco da crise europeia. De 1998 a 2008, o superávit comercial da Alemanha com a Espanha aumentou 11 vezes; com a Itália, 8,6 vezes; com Portugal, 7 vezes; com a Grécia, 3,5. Somente em cima da Espanha, a Alemanha ganhou US$ 270 bilhões no comércio de bens de 1999 a 2010. Sobre a França, os alemães acumularam um saldo de US$ 328 bilhões (No entanto, os franceses são a segunda maior economia da zona do euro e por isso não sentiram tanto essa perda.)Abaixo, quanto a Alemanha ganhou em superávit comercial com outros países da zona do euro, de 1999 a 2010″.


Portanto, não é mero acaso, que o PIB da Alemanha cresceu 0.5% no primeiro trimestr, em relação ao quarto trimestre, e 1,2% sobre o primeiro quarto de 2011, são dados muito robustos, superando qualquer prognóstico anterior, este forte crescimento foi baseado nos seguintes fatores: “As exportações líquidas foram o principal motor para o crescimento do PIB no trimestre, afirmou o Destatis. O consumo interno também impulsionou a economia após ter recuado ligeiramente no trimestre anterior, ajudando a compensar, parcialmente, a queda nos investimentos, acrescentou o escritório alemão”. Ou seja, a Alemanha impõe seus produtos aos demais países do bloco, formando amplo superávit da balança, o que explica a queda dos demais, eles não tem a competitividade alemã, o padrão produtivo, a produção de Capital.

 

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