Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: A Lógica do Capital by Alemanha

418: Crise 2.0: A Lógica do Capital by Alemanha

 

Portão de Brandemburgo - Berlim

 

“Como estes crendeirões esperam sempre!

Fossam na terra, à cata de um tesoiro,

dão co’uma vil minhoca, e ficam pagos!”

(Fausto – Goethe)

Esta semana procuramos levar de volta ao centro desta série sobre a  Crise 2.0, a questão da Alemanha, que é o poder e o limite do Capital na Europa, os dois posts retomam uma visão mais ampla daquilo que aparentemente é um mistério, quando não existe nenhum. A Força e a glória alemã, esta calcada numa economia baseada na exportação de capitais, que vinculou os países de forma irresistível, oferecendo crédito farto, associado à venda de produtos alemães. Esta combinação de política externa agressiva, fez ressurgir a Alemanha, que estava presa aos custos de sua reunificação, dos anos 90.

 

Os dois primeiros artigos  ( Crise 2.0: O (não)Mistério da Força AlemãCrise 2.0: Alemanha – Força e Limites do Capital), agora, serão complementados com mais números e análises sobre a questão dos bancos e dívidas dos países em relação à Alemanha, a fórmula que escrevi num deles é o caminho para entendimento, deste complexo e intricado mercado de exportação de capitais.

 

Resumimos assim: “o governo alemão, sabe que a antiga lógica de exportação de capitais, que consistia numa equação simples: 1) Governo faz acordo comercias, por exemplo, em Telecomunicações com a Grécia; 2) A Siemens, empresa alemã, oferta os produtos daquele acordo;3) Um banco alemão “financia” a venda; Em tese o dinheiro nem saí do país, mas a remuneração aos empréstimo e o pagamento ficam por conta do governo e/ou empresa grega que adquiriu os produtos, a Alemanha ganha nas duas pontas do negócio. Porém com a imensa crise, a inadimplência começa a quebrar o “negócio”.

 

Os números das dívidas gregas e espanholas com os bancos, especialmente alemães e franceses comprovam como funcionou o modo de agir das maiores economias, assim como também, porque seus dirigentes não querem a ruptura da zona do Euro, nem de Grécia e muito menos da Espanha. Algo assim, seria tiro no pé, pois a banca dos dois países, têm muito a receber, em particular destes devedores. É como diz Paul krugman, citando George Soros:

“A argumentação dele(Soros) a respeito da bolha do euro é particularmente sólida. Eu explicaria o fenômeno nos seguintes termos: por acaso, o euro foi criado num momento em que a economia alemã estava estagnada. Então, o euro fez com que os investidores acreditassem que o sul da Europa era seguro, provocando uma imensa queda nos juros alemães.

Isto acabou levando à entrada de um imenso volume de capital; o lado positivo desta entrada foram grandes déficits comerciais, cujos equivalentes eram grandes superávits alemães – exatamente aquilo que a Alemanha precisava. Todos ficaram felizes! Durante alguns anos. Então, a bolha estourou, levando à crise que vemos hoje”. (Paul Krugman,  “Soros sobre o Euro”, 05/06/2012)

 

Vamos aos números que mostram à exposição dos bancos alemães e franceses diante de Grécia :

Gráfico do jornal La Nacion (Setembro/2011)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nada mais, nada menos que 66,5% da dívida grega é com bancos alemães e franceses. Daí a voz única de pressão para que a Grécia faça seu ajuste, aplique o plano de Austeridade. O Montante total da dívida levaria os franceses a perderem 50 bilhões de Euros, os alemães mais de 40 bilhões. Neste gráfico abaixo a soma de dívidas públicas/privadas da Grécia e seus credores:

 

 

 

 

 

 

Os número da dívida espanhola, feito pelo jornal Le Monde, reproduzida no Radar Econômico do Estadão de hoje:

 

 

Gráfico da Dívida Espanhola - Fonte Le monde

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A dívida é distribuído, mas os bancos alemães perde 3,5 vezes mais que na Grécia, e um calote levariam as perdas a quase 150 bilhões de Euros, lembrando ainda que se trata apenas da dívida pública, quando somados aos números da dívida privada o rombo mais que dobra.

 

O editor do Radar Econômico, Silvio Guedes C
respo, faz importantes observações, que são bastantes similares as que venho fazendo a tempos, ganham mais força por se  tratar de um jornal ligado ao capital, não restando dúvidas seu compromisso em defender o sistema, mas são inegáveis os movimentos do Capital. Vejamos o que nos conta ele,  sobre estes gráficos:  “Os números mostram como a crise da dita periferia europeia na verdade está diretamente relacionada às maiores economias da região.

A indústria da Alemanha se beneficiou enormemente com a criação do euro, que facilitou as exportações do país para os demais membros da região. Ainda, os bancos alemães aumentaram sua presença em países como a Espanha, onde se formou uma bolha imobiliária cujas consequências agora ameaçam toda a Europa.

Números como esses mostram que o euro criou uma relação de interpendência na região de tal forma que os países beneficiados pela moeda única não podem ignorar os problemas daqueles que estão se dando mal. Apesar de às vezes parecer que o euro pode ruir – quando, por exemplo, se especula sobre a saída da Grécia da eurozona – outros fatos mostram ser provável uma união maior entre os países, sob pena de serem puxados para o buraco junto com a periferia”.

 

A Alemanha usou a moeda única para sair de sua estagnação, cresceu, se expandiu de forma vertiginosa, agora usa deste imenso poder, para exigir cada centavo, como se não fosse responsável pela crise, age com mão de ferro, mas se não tomar cuidado, mata o paciente, não sobra nada.

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