Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Corrupção fator de mais Crise

417: Crise 2.0: Corrupção fator de mais Crise

 

Mapa da Corrupção na UE - Site RNW (Holanda)

Algumas vezes escrevemos sobre a questão da corrupção como fator impulsionador da Crise, aqui na série Crise 2.0, mas como a corrupção é uma doença endêmica, própria do Capital, não é de se espantar ou escandalizar, por exemplo, Iñaki Urdangarin, o Duque de Palma, ex-jogador olímpico de handebol que é casado com a infanta Cristina, filha caçula do rei Juan Carlos II, está envolvido em um esquema pesado de corrupção, está sob investigação e foi afastado dos holofotes na Espanha, na já tão desgastada família real.

 

Os exemplos se multiplicaria, como o caso da Lei Berlusconi, feita aprovar apenas para impedir que o “bunga-bunga”, não sofresse qualquer investigação. Ou no caso grego em que é “proibido” ganhar mais de 20 mil Euros anuais, uma forma de sonegar impostos, que ao ser investigado, criou-se ampla rede de corromper funcionários públicos e não se pagar os devidos impostos. Na Espanha, com o recrudescimento da crise, o Governo resolveu apertar a cobrança de impostos e várias celebridades, jogadores, esportistas foram pegos na malha de sonegação, alguns ameaçaram sair do país, caso fosse “perseguidos”, uma lição de “patriotismo” no tempo de crise.

 

Ontem, a Transparência Internacional, apresentou me Bruxelas seu relatório anual em que focou na relação Crise x Corrupção, e chegou aos números preocupantes, pois se generalizou a corrupção, que segundo eles impulsionou ainda mais a crise, em particular nos países mais afetados por ela: Grécia, Portugal, Espanha e Itália. Sendo assim relatada pela BBC: “A corrupção e a ineficácia dos sistemas públicos na Grécia, na Espanha, na Itália e em Portugal contribuíram para a crise fiscal que enfrentam atualmente esses países, afirma um relatório da organização Transparência Internacional (TI), publicado nesta quarta-feira em Bruxelas.

O estudo “Dinheiro, política, poder: os riscos da corrupção na Europa” investigou mais de 300 instituições de 25 países do continente e concluiu que “nenhum deles sai dessa revisão de integridade com uma ficha de saúde completamente limpa”. Grécia, Espanha, Itália e Portugal lideram a lista dos que apresentam “sérias deficiências”, como falta de transparência, ineficácia e abusos de autoridade “enraizados” na administração pública, que carece de mecanismos e vontade política para prevenir e punir casos de corrupção, de acordo com o relatório”.

 

Os números mostram que há uma impunidade generalizada, em Portugal apenas 5% dos casos são efetivamente punidos, na Grécia apenas 2% dos funcionário públicos foram investigados quando apontados em casos de corrupção. Diz mais ainda:  “A relação entre a corrupção e a atual crise financeira e fiscal nesses países (junto com Espanha e Itália) já não pode ser ignorada”, afirma o relatório, que ressalta que “não são apenas as tradicionais formas de corrupção, como o suborno, que estão relacionadas a um pobre desempenho macroeconômico”.

“Os quatro países que estão no centro da crise da zona do euro também sofrem com práticas consideradas legais mas não éticas, como tráfico de influência e uma relação muito estreita entre o poder público e o setor privado, derivada da falta de controle sobre os lobbies. “Todos esses fatores resultaram em uma forma mais sutil de manipulação política que influencia a tomada de decisões para beneficiar a poucos em detrimento de muitos”, analisa a organização”.

 

Mesmo nos considerados países ricos ou modelos de combate a corrupção a Transparência Internacional, aponta exatamente o contrário: “O relatório também chama a atenção para problemas de corrupção nos países considerados ricos, como Suíça e Suécia, onde não há regras sobre o financiamento de partidos políticos e é possível realizar doações anônimas. “Grandes doações privadas representam um risco para a democracia, particularmente quando envolvem companhias com grandes somas de dinheiro desenvolvendo uma estreita relação com partidos políticos e, portanto, ganhando significativa influência sobre as políticas de um país”, adverte.

A França falha ao não tornar públicas as declarações de renda de deputados, o que a TI considera “altamente problemático, já que significa que (esses documentos) não têm realmente valor como mecanismo de transparência pública”. Já a Alemanha é, junto com a República Tcheca, o único país da União Europeia que não ratificou a convenção da ONU contra a corrupção, e seu sistema de financiamento de partidos políticos “está longe de ser exemplar”, destaca o estudo.

 

Por fim, constata: “Muitos na Europa estimam que a corrupção existe apenas em outros países, particularmente naqueles em desenvolvimento. Essa complacência é mal informada (…) e significa que a prevenção da corrupção não é uma prioridade política em muitos países da região”, adverte.

 

Até o pequeno país de sua santidade, o papa, vive dias agitados devido as denúncias de corrupção, no já tradicional bando de escândalos, o Banco do Vaticano, sendo o seu principal, Ettore Gotti Tedeschi, demitido de seu cargo por “negligência do dever”. Nada escapa, nestes tempos bicudos.


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