Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Jovens, Sem Presente ou Futuro

570: Crise 2.0: Jovens, Sem Presente ou Futuro

 

Jovens protestam em Portugal - Foto: Lusa - Paulo Cordeiro

As maiores vítimas da atual crise são os jovens, os números de desemprego em todas as economias em crise mostram que na faixa dos jovens, há uma variação conceitual nos vários institutos de pesquisas, mas, no geral, todos os dados revelam a situação desesperadora. Muitas vezes tratamos aqui, na série sobre a Crise 2. 0, desta questão, mês a mês recebemos novas pesquisas que vão aprofundando o caos. Desde Outubro de 2011, quase um ano que escrevi o post Crise 2.0: Desemprego, Juventude e Rebelião, as condições pioraram.

 

Um editorial do El País de hoje, coloca a questão no centro debate, o título é forte: “Sem presente ou futuro”. Mesmo se tratando da Espanha especificamente, posso extrapolar que é regra para toda Europa, em particular no sul “pobre”, mas que também tem forte impacto, inclusive, na poderosa Alemanha. Algumas “maquiagens” de números feitas por Holanda e Alemanha dão a falsa ideia de que o problema não é tão gigante, nestes dois países “trabalhar” por 4 horas semanais é considerado “emprego” ou ter fazer um curso profissionalizante até via web também. A despeito disto, as taxas, para jovens, são enormes, atingindo mais de 20%.

 

Nos casos dramáticos de Espanha, Grécia, Croácia, Letônica, Portugal, os números de desemprego variam de 40% a 60% da população jovem, o conceito deles é de 15 a 29 anos de idade. Nos EUA eles subdividem 16 a 19 anos e  de 19 a 24 anos, em ambos os casos os números são elevados, 29% e 25 % de desempregados respectivamente. A Itália com população envelhecida, maltrata os seus jovens com desemprego na casa dos 30%, muitos deles querem deixar o país porque não têm esperanças de melhora.

 

No El País, analisando os dados da OCDE, de 2010, eles asseguram que está bem pior, com um agravante,  no caso espanhol, quem não trabalha não estuda:

Quase dois milhões de jovens espanhóis entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham. Estes são chamados Ninis .O dado é exatamente -1.900.000 incluído num relatório recente da OCDE (Education at a Glance 2012 ) e corresponde ao ano de 2010, por isso é seguro assumir que a situação piorou. É ainda, em qualquer caso, que as provas, bem como as falhas do mercado de trabalho,  e sofre com as lacunas do sistema educacional espanhol e que o projeto de lei elaborado pelo governo apenas tangencia o problema.

A taxa oficial de desemprego juvenil na Espanha é de 53,28%, percentual que, na Europa, apenas a Grécia é semelhante . A proporção dos sem qualquer estudo, no entanto, é  muito mais elevado do que os indicadores, as deficiências apresentadas precisam  correções urgentes do sistema educacionais.”

 

O problema se agrava com a reforma da educação proposta pelo PP, partido da extrema-direita, que vem aplicando seguidos cortes nos gastos sociais, com demissões massivas, apenas por parte do governo central houve corte de 50 mil trabalhadores da Educação, número que pode dobrar, chegando aos 100 mil, com os ajustes das províncias em crise. A reforma proposta é um voo cego, com enfase no aspecto ideológico, com críticas até do El País, um jornal conversador.  Criticam que na situação de crise, a baixa qualificação profissional torna pior o futuro do país, enquanto a França vai contratar 60 mil novos professores a Espanha os demite.

 

Por fim lembra que a Espanha e Turquia são os dois piores países na UE na formação profissional, com mais baixa escolaridade, que a atual crise levou 40.625 jovens a ir embora do país, a maioria deles, com mais estudos, mas que se encontravam desempregados. Como eles mesmos dizem: não há presente, nem futuro para Espanha, com os jovens sendo tão maltratados.  Os gráficos mostram a questão do desemprego e a inatividade escolar.

Taxa de desemprego jovem

 

Taxa de desocupação dos jovens: sem emprego e sem estar em processo de aprendizagem

 

Uma situação trágica para o futuro, dada as condições atuais, de crise, mais ainda, de como se combate a crise, cortando os gastos sociais (educação) e matando o futuro.

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