O mundo navega por ondas altas e alguns instantes ameaça virar uma tsunami e o grande navio da humanidade virar ou partir-se ao meio. Esse tsunami é a ultradireita surfada pelos piores nomes da terra, versões dos antigos atores do nazifascismo renascido sob outras alcunhas, mas com as mesmas ideias e ideais contra a natureza humana.

Especialmente esses últimos 15 anos estão entre os mais sombrios, com o incrível avanço tecnológico e científico, ao invés de ser razão para liberdade humana, se tornou sua prisão e seu medo. As ideologias autoritárias comandadas por um punhado de empresas com força mundial, que afrontam os países e suas soberanias, invadindo o cotidiano e ditando regras em Nova York, ou em Pacajus (Ceará), quem sabe em Gaza, Osaka.

É nesse contexto que surgiu, em março de 2013, o Cardeal Bergoglio, argentino, feito Papa, de nome Francisco, todos receberam com surpresa, curiosidade e desconfiança, devido os dois últimos papados, o longo de João Paulo II, continuado (ainda vivo), pelo Cardeal Ratzinger, alemão, Bento XVI, numa espécie de restauração, depois dos avanços de João XXIII e Paulo VI, a abertura para o mundo, uma adaptação e liberação de forças como a Teologia da Libertação. A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) mergulhou numa crise sem precedente, e o Papa Francisco foi uma solução de continuidade entre conservadores e moderados.

O surpreendente Papa Francisco foi um luminar para um mundo assombrado pela horda neofascista, autoritária, que depois de vencer a “guerra fria” e vindo da Crise de 2008, aprofunda os ajustes terríveis econômico contra a classe trabalhadora e o povo em geral. A nova dominação comandada por plutocratas e o novos trilionários das big techs, com controle obsceno via redes sociais, algoritmos e domínio ideológico, manipulação (fake news) como jamais visto, que destrói o que sobrou do Estado de Bem-estar Social do pós-guerra.

Papa Francisco além de uma incrível energia para conduzir os debates dentro da mais antiga instituição, a ICAR, trazendo temas caros do mundo presente, frente aos dogmas, ele soube entrar na arena política em defesa da humanidade, da justiça, dos direitos humanos, sociais e trabalhistas, com seu carisma, humor e vontade. Soube se posicionar em situações graves e renovou uma igreja em queda e distante.

A sua morte recente trouxe de volta o MEDO de novo retrocesso, sobre quem o sucederia, as alas da ICAR que tinham em Francisco apenas um papado breve, foram realocadas e abriu-se a possibilidade de uma continuidade, assim se espera, com essa nova surpresa, contra todas as apostas, o Conclave elegeu um norte-americano e peruano, o Cardeal Prevost, um dos últimos cardeais nomeado por Papa Francisco, a quem confiou um alto cargo na Cúria, o que lhe rendeu prestígio e rapidamente a ala do antigo papa o elegeu.

Nesse mundo carente de boas novas, o Papa Leão XIV, surge como esperança, a escolha do nome em referência ao Papa Leão XIII (o papa que trouxe o contexto social para ICAR) ou mesmo ao Frei Leão, o companheiro de São Francisco, indicam um caminho, uma possibilidade de que a humanidade pode contar com a força da ICAR para enfrentar essa quadrada histórica tão complexa, cheia de rupturas e medo, de destruição de sonhos, imposição de vontade e controle político e ideológico, com apenas um toque de celular.

As indicações e expectativas parecem boas, positivas, de que um papa vindo do EUA e Peru, possa trazer mais energia, continuar o que o Papa Francisco tão bem soube compreender e dialogar, independente de nossas crenças ou nenhuma, mas que esses grandes personagens tenham a dimensão do que a realidade trágica da humanidade exige, a exclusão social, econômica, a dignidade roubada, a urgência climática e a falta de esperança no futuro.

Bem-vindo, Papa Leão XIV!

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