Arnobio Rocha Crônicas do Japão Japão 2017 Vol. VII: O que é Imperdível? Parte IV

1397: Japão 2017 Vol. VII: O que é Imperdível? Parte IV


O templo do pavilhão dourado (detalhe, o #VaiCorinthians)

A viagem a Hiroshima se demonstra fundamental para reflexão sobre o horror das guerras, porém traz um sentimento de angústia, tristeza, que não é fácil de se recuperar. Voltamos assim, para Osaka, cancelamos a ida ao castelo de Himeji, apenas no fim do dia, em Dōtonbori nos recuperamos um pouco, a Luana acabou indo dormir muito cedo, pelo cansaço da viagem e emocional com o que viu.

Para mudar o astral, visitamos a pequena e bela Nara, na manhã seguinte. Pegamos um trem regional em Osaka e rumamos a Nara, cortando bairros periféricos de Osaka e pequenas cidades, até chegarmos na cidade, que foi capital do Japão no Século VIII, antes de Quioto se tornar a principal cidade do país.

Nara é uma cidade média, com ruas largas, sem muitos prédios, a atração da cidade são seus templos, quase todos concentrados no Parque de Nara, com seus cervos soltos andando entre os visitantes, esperando comida e carinho. O parque ocupa uma grande área da cidade, muito bem cuidado com vias para caminhas, silenciosas como manda o ambiente.

Visitamos o templo Tōdai-ji com seu enorme Buda (Daibutsu), a maior estatua indoor do Japão, tem grande importância para o budismo, pois foi sede por séculos de umas das principais escolas da religião. A imponência da grande imagem feita de bronze é de tirar o fôlego, a incrível construção, a riqueza de detalhes impressiona. A “novidade” é que o templo foi “privatizado” e agora cobra entrada, a exemplo de outros templos, como o Kinkaku-Ji, em Quioto.

De Nara pegamos outro trem regional e fomos para Quito. O coração batia mais forte, pois a cidade é a que mais tenho afeição, desde quando fui a primeira vez, tudo lá me encanta.

Quioto é magia em estado puro, suas ruas, sua história fabulosa, capital do império por mais de mil anos. Hoje a cidade tem um milhão e meio de habitantes, recebe intenso fluxo de turismo e forma junto com Kobe e Osaka uma potência econômica com quase 20 milhões de habitantes. Templos, palácios, casas antigas, ruas surpreendentes e ótima comida.

Descemos na estação central de Quioto e compramos um passe de ônibus para andar pela cidade. Os principais pontos turísticos e templos não têm estações de trem próximos. A cidade é grande, o trânsito é lento, mas andar de ônibus é uma oportunidade de ver com mais calma a arquitetura da cidade, com seus mil templos.

Fomos direto ao Kinkaku-ji, o templo de Ouro, a belíssima construção de 1397, serviu a várias ordens budistas ao longo dos séculos. A visitação é sempre externa, não se pode entrar nas suas dependências, pelo valor do patrimônio e os cuidados de manutenção. A visão que se tem vai mudando conforme o ângulo e altura que se atinge no complexo da propriedade. Na parte de cima, caía um pouco de neve, foi uma coroação diante de tanta beleza.

Saímos do templo da riqueza e fomos ao templo do Dragão em paz (Ryoan-Ji), a meca do Zen-budismo, cuja maior riqueza é a simplicidade, as pedras e os seus jardins. Nada que lembre ostentação ou demonstração de poder. Aqui se respira a natureza, seu esplendor, suas pedras enigmáticas e as pequenas imagens de Buda.

Pode se passar horas ali apenas admirando a beleza dos jardins bem cuidados, o lago ainda congelado pelo frio do inverno. O movimento calmo e silencioso dos monges, as alamedas com seus corredores de bambu. Ali a maravilha está no silêncio e no que se consegue ver.

Depois do Ryoan-Ji, rumamos ao centro de Quioto, a confusão de carros e trânsito, rir do condutor do ônibus que saúda os passageiros que entram e saem do veículo. Descemos em frente ao Quito Hall e entramos numa “rua coberta”, de lado a lado livrarias e cafés, com maravilhosas confeitarias. Um achado, que não conhecia e descobrimos ao acaso. Comida excelente, doces, cafés e sorvetes maravilhosos.

Dali partimos para Gion, o bairro das gueixas e maikos (aprendizes de gueixas). Andamos vários e vários quarteirões até chegarmos ao bairro, na verdade vielas, com casas e restaurantes que mais lembram cenários de filmes do Japão medieval. Nas ruas várias meninas e mulheres usando as roupas e pintura típica das queixas.

É um encontro incrível do presente com o passado, quase de uma rua para outra. Aquela larga avenida se estreita e logo dará lugar a pequenas ruas com mal passam um carro. As casas antigas são mantidas por marcas famosas, como a francesa Hermès, com produtos caríssimos ou a Mitsubishi com seu catálogo de carros.

Convivendo com um amplo teatro tradicional de apresentações das gueixas com restaurantes seculares em que ricos executivos exibem poder, para contratar uma dessas artistas para lhes acompanhar num jantar. Essa ostentação não sairá por menos de mil dólares, para que a queixa sirva sua bebida e que lhe dê o status de “rico”.

Quioto eleva o espírito e ninguém vai lá sem voltar melhor.

Textos anteriores: Crônicas do Japão“, sobre 1996.  Aqui já foram publicados, nessa nova fase, os textos:

  1. Japão: A Viagem em Números 
  2.  Japão: Hotel, Transporte e Internet 
  3. Japão: Café, Comida, lanches.
  4.  Japão: O que é Imperdível? Vol. I.  
  5. Japão: O que é Imperdível? Vol. II 
  6. Japão: O que é Imperdível? Vol. III
 Save as PDF

3 thoughts on “1397: Japão 2017 Vol. VII: O que é Imperdível? Parte IV”

Deixe uma resposta

Related Post