Arnobio Rocha Reflexões Da Luz e da Escuridão

382: Da Luz e da Escuridão

 

O cheiro da cebola e alho dourando na manteiga percorre o ambiente, breve ponho os grãos de arroz, para queimá-los antes de encher a panela de água quente que ferve ao lado. Aquele cheiro vai se espalhando denunciando que mais uma vez preparamos a comida, uma rotina no fogão, tentando apagar da memória as dores e angústias dos últimos dias, as lembranças e nuvens de preocupações, que vão e voltam durante este período tão duro de nossas vidas. A semana que minha filha tem que tomar  um determinado remédio, é tensa e dolorida, tudo volta à tona.

 

As dúvidas batem no peito, o mau humor, o péssimo, os nervos à flor da pele, devido a droga tomada, modificam a rotina, se é que temos qualquer uma, desde daquele dia cruel. Nestes instantes só me resta acompanhar o arroz cozinhar, como a metáfora do tempo que passa lentamente, as horas ou os dias que se vão. A paralisia toma conta de mim, pouco ou nada tenho vontade de fazer, até vir aqui e escrever, nestes momentos se tornam difíceis, o esgotamento físico e mental denunciam minha pouca disponibilidade e desejo de nada fazer, os temores petrificam o corpo, impedem às ações.

 

O arroz está pronto, nem sei do sabor que pode ter, mas isto nem importa muito, mas ao fazer uma coisa concreta, parece que recebo uma mensagem “positiva”, algo como: Ok, você fez alguma coisa útil. É, parece, que isto levanta meu ânimo, correr para preparar o restante da comida, perceber que a vida anda, não obstante os problemas, as dores e sofrimentos. A tarefa prática, ajuda a me mover para frente, aliviar um pouco a tensão e a desordem do cérebro, saber que temos que seguir, agir, organizar uma possível e necessária rotina, principalmente nestes dias complexos, parece fácil, mas não é.

 

Preparo mais coisas, frango feijão, suco, tem que ter aparência de almoço, vida, quem sabe assim acordarei para ela. O que passamos, nem pensamos, que chegue ao nosso pior inimigo, nem como castigo serve, os pensamentos, quase em voz alta são repetidos, para não esquecermos, que, ninguém passe por isto, é quase impossível sair com mente sã de tudo isto, os delírios acabam sempre vindo, esta alternância de alegria, luz, sol esperança, resplendor, são substituídos por escuridão, desespero dor, tudo turvo, fechado. Inda e vindas, bipolar, sem o equilíbrio, o pêndulo sempre indo aos extremos, quem aguenta?

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0 thoughts on “382: Da Luz e da Escuridão”

  1. Arnóbio, que Deus te abençõe. Após a tormenta vem a bonança. Sabemos que não é fácil o caminho de dor,principalmente quando envolve uma pessoa mui querida-uma filha. Só podemos implorar a proteção divina – nossa Mãe que é mãe dos aflitos.
    Arnóbio, que Maria Santíssima os envolve com seu manto protetor. Abs. Josmar

  2. Querido irmão,

    Ninguém pode medir o tamanho do seu sofrimento, mas saiba que sua causa está diante de DEUS, CORAGEM ELE VENCEU O MUNDO!!! E vcs também vencerão.

    bjs sua irmã.

  3. Nobim,
    Estou muito angustiada com todo esse sofrimento. A Giovanna tem insistido que quer ir ver vocês antes de setembro. Vou aí, sozinha ou com ela. Preciso abracá-lo pessoalmente. Te amo meu irmão querido. Não desanime, você é meu ídolo!

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