
Há dois anos, num domingo, peguei o carro na locadora e parti de São Paulo rumo ao desconhecido, pois vir trabalhar em Brasília sem saber exatamente o porvir, o que me aguardava, uma viagem longa, quase sem paradas, um misto de tristeza e ansiedade.
O primeiro sentimento era por deixar minha casa, minha família, cidade que vivo há 36 anos, minha história e trajetória de vida pessoal e profissional, primeiro em Telecomunicações, depois Direito. Refiz na estrada uma revisão de todos os caminhos percorridos, os muitos lugares em que vivi a trabalho, nove estados, um país estrangeiro, tantas viagens, mas sempre com volta à Ítaca (São Paulo), agora seria diferente.
A ansiedade era por recomeçar a vida numa cidade que vim muitas vezes para rápidas reuniões na ANATEL, ou congressos estudantis, de um tempo distante. Ademais, o desafio era pelo novo trabalho que parecia ótimo, pois unia meus dois mundo profissionais, tecnologia e direito, mas numa área completamente nova que é a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), conceitos e necessidades para adequação de empresas e comportamentos humanos.
Era o que rondava a minha cabeça naquelas 10 horas de viagem.
O que me impressionou logo no dia seguinte, foi aquele céu de azul intenso, de tirar o fôlego, sem nenhuma nuvem, o frio que rapidamente esquenta e a vista quase cega de tanto brilho e contraste com o sol. Era o respiro de vida e esperança, como a acolhida dos meus irmãos, Marilena e Fausto, que me deram um lar, uma família, uma adaptação amiga e solidária, transmitindo o amor de Brasília, de cearenses, de gente lutadora, firme tão linda, ali no Vicente Pires, começou as idas e vindas ao trabalho, no plano piloto.
A segunda mudança, para o plano piloto, para ficar mais perto do trabalho, já passada a experiência inicial do trabalho, a adaptação e os desafios do dia a dia, de muito estudo, dedicação e aprendizados de todas as formas de como a capital federal tem, quem somos nós aqui (os novos candangos, como meu pai foi), as relações profissionais e pessoais, de como me portar, de como abordar temas e buscar apoios e demonstrar o que precisa ser feito, sem arrogância ou vaidades.
Mas o que sempre abre a mente, que renova as energias essenciais, é o AZUL da cidade, o sol, a contradição entre os prédios de concreto e a natureza que insiste em invadir o concreto armado, as longas ruas e avenidas, sem esquinas, sem padocas, mas com um jeito de nos tratar e viver próprio, é quase impossível não se apaixonar e sentir a força de uma cidade tão diferente e bela, cheia de surpresas, como o Clube do Choro, ou as alamedas laterais das quadras.
Muito obrigado, por tudo e tanto.