Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: França x Alemanha

358: Crise 2.0: França x Alemanha

 

Será que sairá casamento? foto de john macdougall - afp

As eleições francesas continuam provocando uma tsunami de notícias e, como antecipamos aqui no Crise 2.0, a simples vitória de um socialista balança o frágil equilíbrio, que na verdade era a total submissão dos demais países à Alemanha, contando com o essencial apoio para isto, justamente, do Presidente francês, Sarkozy. Com o poderio econômico alemão impondo uma dura agenda política e econômica aos membros da UE, em particular os da Zona do Euro. Hoje avançaremos um pouco mais no que tratamos ontem no artigo Crise 2.0: A questão do Poder na UE.

 

O ponto crucial da agenda alemã era o Plano de Austeridade, qualquer outra coisa era proibida, até a emissão de EuroBônus, que era defendida por Sarkozy, Merkel, bombardeou e tirou de debate, ele se curvou sem maiores questionamentos. Basta ver a declaração do fracão, digo, Durão Barroso, um fantoche que preside a UE: “Os países que receberam ajuda financeira não têm outra alternativa a não ser implementar medidas de Austeridade”. Há submissão, covardia maior que esta?

 

A vitória socialista abala este falso consenso, de a única saída são os Planos de Austeridade, uma mini-cúpula foi convocada para dia 23 de maio, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, informou ontem, que chamaria esta reunião com o objetivo “em como objetivo acelerar um acordo entre França e Alemanha em torno da inclusão de uma política de crescimento no Pacto de Estabilidade aprovado em março”.(Estadão, 09/05/2012)

 

Alguns aqui, podem achar que é pouco, mas estou convencido que é uma mudança significativa, em nenhum momento, dura o último ano, Merkel, se propôs a debater qualquer política que fosse diferente da imposição de mais sacrifícios aos países que estão em situação falimentar. A situação se agravou enormemente em TODOS os países que engoliram o tal plano da Troika, não há nenhuma melhora no ambiente, ao contrário, piorou. As únicas vezes, por exemplo, que houve um respiro de juros menores para renovação de títulos, foi quando o BCE emitiu moeda.

 

Segundo o jornal Estado de S. Paulo, na edição de hoje, o clima realmente começa a mudar, leiamos este três parágrafos, que dizem muito sobre o que falei, ainda no domingo:

“Na terça-feira, o porta-voz da chancelaria, Steffen Seibert, afirmou que Berlim descartava “renegociar o pacto fiscal”, firmado entre líderes — entre os quais o atual presidente da França, Nicolas Sarkozy, em março. Sem evocar a expressão, Seibert também deixou clara a resistência da chancelaria à uma política de estímulo ao crescimento por meio de investimentos públicos — ao estilo “keynesiano”.

Ontem, Angela Merkel divulgou o teor de uma carta enviada a Hollande com tom menos enfático. Após saudá-lo por sua eleição, a chanceler afirma que cabe a ambos tomarem “decisões necessárias para a União Europeia e a zona do euro”. “Você assume funções cheias de responsabilidades em um período cheio de desafios”, afirma. A executiva diz estar “certa de que a cooperação será reforçada” e completa lembrando “a responsabilidade comum pela Europa” e a disposição de “trabalhar para o bem de nossos países e da Europa”.

Em resposta, Pierre Moscovici, diretor de campanha de Hollande e nome certo em seu ministério reiterou ontem, em entrevista à rádio RTL, sua confiança em um compromisso entre os dois países. “É preciso que haja uma conversa profunda entre os dois chefes de Estado e de governo. A intenção de Hollande é clara e não mudou: é reorientar a construção europeia em um sentido mais favorável ao crescimento”. O executivo, ex-ministro de Relações Europeias, ainda se disse otimista. “Pela experiência que tenho, nós chegaremos a um compromisso. Estamos começando bem. O clima entre Hollande e seus interlocutores europeus é francamente muito bom.” (Estadão 09/05/2012)

 

Os problemas se avolumam, a Grécia votou contra o plano, o nível de imposição é insuportável, os extremos, direita  e esquerda, forma os vencedores, mas ambos não conseguiram formar um novo governo, a caótica situação tende a piorar, pois, novas eleições serão realizadas, o tosco tecnocrata, Lucas PapaDemos, ex-Goldman Sachs, imposto pela Alemanha, via Troika, apelou para que o país : “não desperdice” os sacrifícios já feitos pelo povo grego, “depois de ter passado por grande parte da dificuldade para reconstruir a economia”.

 

Já na Espanha a situação se torna insuportável, o Governo central “economizou” 17 Bilhões de Euros do Orçamento, com brutais cortes, ainda não incluindo demissões em massa do funcionalismo público, mesmo assim o “mercado” não aliviou a pressão, então o governo de Direita do extremista, Rajoy, resolve cortar mais 10 bilhões de Saúde e Educação, nem assim conseguiu a tal “credibilidade”. Em apenas 4 meses a Espanha foi rebaixada 3 vezes sua nota, está no limite para perder o “grau de investimento”.

 

Para completar o quadro o sistema bancário espanhol está numa crise violenta com ameaça de quebrar geral, o terceiro maior banco, o Bankia, vai precisar de um resgate de gira em torno de 7 a 10 bilhões de Euros, mas com um detalhe cruel:  este dinheiro o Estado não tem, o governo de Mariano Rajoy, mais uma vez terá que quebrar promessa de não ajudar os bancos, pior ainda, cortou da saúde e educação e dará a um único banco? O problema, se fosse restrito ao Bankia, era possível de ser resolvido, mas o que se comenta é que o sistema bancário espanhol precisa de um “Proer” de 200 bilhões de Euros.

 

Por fim, agora Bruxelas divulga que o Banco Europeu de Investimentos (BEI), tem em  conta  € 50 bilhões  e terá um crédito suplementar de mais 10 bilhões, que poderia ser usado para grandes obras. Mas este valor é irrisório, até o BNDES do Brasil tem mais fundos que ele, por exemplo. Pelos cálculos franceses será preciso 500 bilhões em Eurobônus, para alavancar um programa de infraestrutura, que gere empregos e rendas, principalmente em países falidos, este é o “pomo da discórdia”, entre o novo governo francês e a direita Alemã.

 

Duro é que tem gente que não ver nenhuma diferença ou nunce, aí se propõe a ficar de fora da luta política, esta é a vida real, o mundo real, os ‘indignados”, “occupys”, por mais que não gostem, a boa e velha luta de classes continuam como o combustível da história, as fricções entre as nações imperialista, possibilitam a luta política de uma esquerda que se propõe revolu
cionária, transformadora.

 

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0 thoughts on “358: Crise 2.0: França x Alemanha”

  1. A esquerda transformadora entrou em recesso em quase todo o mundo, Zapatero que o diga. Por isso vou dar um tempo a messiê Hollande.

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