A televisão ligada, apenas pelo costume do barulho, sem nem saber o que passa, o computador com várias janelas abertas, a busca de um fiapo de ideia ou de sensações que valha a pena escrever, descrever. Uma foto clássica do Che Guevara, em reunião com Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, pode ser um bom começo, o ano é 1960, Che já era um ícone da esquerda, e o casal era mais do que simbólico, era a própria modernidade da esquerda europeia, que vivia à sombra dos processo de Moscou, que punha abaixo os anos de Stalin e seus crimes, Cuba, Che, parecia um oásis.
A década mais conturbada do pós-guerra, que aos poucos apagava a paisagem de uma Europa devastada, tanto à leste como oeste os horrores do regimes seriam postos em xeque, inclusive a “democracia” racial dos Estado Unidos, o assassinato do de Kennedy, depois a estúpida guerra do Vietnã, as várias ditaduras na América Latina. A geração libertária, da paz e amor, o maio de 68 que balançou a Europa, a Primavera de Praga que soprou no leste, todas as promessas de rebelião e revolução não se cumpriram na plenitude, mas depois dos anos 60, o mundo mudou para sempre.
Uma década que não vivi, apenas nasci no final dela, mas que me encanta profundamente, todos os fatos, as imagens, os movimentos, principalmente a música, em particular o rock, os grupos e bandas, algumas que sobrevivem até hoje. Janis Joplin, de vida tão curta, assim como Jimi Hendrix, que marcaram o ato de cantar e viver intensamente. O engajamento político, parecia que todos viviam tudo ao mesmo tempo, em geral, sem se preocupar com o amanhã, o importante era aproveita o máximo este momento tão rico. O que se vivia culturalmente ainda não fora capturado pelo “mercado”, então se podia transgredir sem medo.
Aquela imagem inicial, dos três ícones, desencadeou em mim uma lembrança de algo que não vivi, mas que sinto, quase tão viva como uma saudade, parece estranho, mas é verdadeiro, sentir emoção por algo que efetivamente não se tenha participado, mas indiretamente, aqueles ventos sempre me tocam. Parecia um mundo bem interessante, que ousou romper com o passado dos anos de guerra, e que abriu definitivamente às portas para uma nova geração,com novos valores, costumes, que são a base de nossa vida atual.
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Amigo, eu fui testemunha de alguns fatos ( p ex fiquei extasiado com a morte do Edson Luiz pq ganhei 5 dias de folga na escola )dos 3 últimos anos desta década, queria ter nascido 15 anos antes, mas pensando bem, talvez se fosse mais velho, hoje não curtiria tanto a internet, tô muuuito feliz de estar vivendo agora, não achas ? rs
Abs
Quando vejo essa foto penso em 3 possibilidades: 1- A perspectiva distorceu; 2- o casal francês tinha estatura inversamente proporcional à capacidade intelectual; 3- Chê era um gigante…