É verdade, jamais saberei se a soma de falhas pessoais versus méritos darão um resultado positivo, com relação às minhas filhas, mas de certo muito prazer me proporcionou a criação delas: quando bebês, quando pequenas e agora sendo adolescente e pré-adolescente. As infindáveis coisas que passamos juntos, as pequenas e mais simples, ocupam lugar maior, nas nossas eternas lembranças.
Impressionantes como estas lindas mocinhas das fotos, tendo 4 anos de diferenças de idade, eram e são diferentes, mesmo nascidas e criadas na mesma casa, com o mesmo amor. Mas, para nossa felicidade, são distintas e aprendemos muito com estas visões e comportamentos díspares. Ontem, como quase todo dia, fui colocá-las para dormir, a Lelê, com seus quase 15 anos pediu para cantar para ela e me veio o filme dela bebê. Logo depois a Lu, também pediu para que cantasse, jamais uma deixa de querer o que a outra pede, risos.
A Lelê quando bebê e pequena sempre foi mais pensativa, comportada, atendia prontamente o que pedíamos a ela, mas, seu momento de rebeldia era na hora de dormir. Minha esposa tem dificuldade de dormir/acordar e voltar a dormir, então ficava ao meu encargo pô-la para dormir. Ela não se recusava a ir dormir, mas, por horas à fio ficava com a Lelê no braço, cantando e repetindo as canções de ninar, as que conhecia e inventava, quando achava que ela tinha pegado no sono, invariavelmente ela abrias os olhos, lá começava tudo de novo. Muitas vezes eu ligava a televisão bem baixinho, sentava no sofá e começava a balançar, eu cochilava e ela não dormia.
Por outro lado, a Lu passava o dia na queima de energia, corria de um lado para outro, subia nas coisas, caía, levantava, aprontava outra, jamais parava quieta, o almoço ou jantar se dividia entre a mesa e uma brincadeira, uma coisa de impressionar, mais uma vez sobrava para mim, a tarefa de fazê-la dormir. A etapa mais dura, era ela aceitar que iria dormir. Porém, ao contrário da irmã, com poucos instantes de balançar, ela estava no sono profundo, cantava as mesmas canções de ninar, trocava o nome do “bicha-papão..deixa a Luana/letícia dormir sossegada”. Mas nem dava tempo ela dormia que era uma beleza.
Mas o tempo muda demais, hoje é o oposto, a Lelê é disciplinada, deu 21:30 ela vai para cama, dorme fácil, como sempre temos que acompanhar, mais ainda depois que ela adoeceu, mas tem muita facilidade de dormir e acordar cedíssimo para as aulas da escola, raramente tem dificuldade de dormir/levantar, mesmo nos dias posteriores às Quimios Pesadas. Recusa-se a faltar às aulas, mesmo cansada ou indisposta, um exemplo.
A Lu, continua sapeca, interativa, vivaz, ligada no 220 Volts, por ela a noite é uma criança, dormir, como ela diz: “é chato”. Ficamos cercando-a e insistindo para que venha dormir, escovar os dentes, aí depois ela pede água, ou que leia uma história ou conte uma história, que converse, nos derruba de sono, depois para acordar acha que é cedo, e é mesmo. Houve uma inversão de comportamento. Mas, quando pega no sono dorme tranquila, acho que o gasto de energia durante o dia é alto, precisa repor.
Como sempre, não adianta forçarmos a natureza, as pessoas são diferentes, cada uma a seu estilo, encantadoras como sempre, conquistadoras, mas quando tenho oportunidade, vale a pena cantar as cantigas de ninar, quem sabe elas no futuro cantem para seus filhos?
No mundo que os pais terceirizam os filhos, não saber o prazer que é pô-los para dormir, sentir seu cheirinho, sua respiração tranquila, é perder quase toda a vida…
Maravilhoso como todos os textos que cita suas meninas!
“No mundo que os pais terceirizam os filhos, não saber o prazer que é pô-los para dormir, sentir seu cheirinho, sua respiração tranquila, é perder quase toda a vida…”
Pura verdade!!!
Amei seu escrito vivo e bonito!
Bjs rm todos vocês.
Silvia