Analisar a dinâmica da Crise 2.0 tem me ensinado muito, em primeiro lugar a entender alguns “sinais” do “Deus Mercado”, ao contrário do que se supõe, eles são mais simples do que parecem, e algumas vezes seus porta-vozes midiático entregam o jogo, basta ficarmos atentos às entrelinhas do que escrevem e defendem. Na maioria das vezes são extremamente previsíveis.
No Estadão de hoje tem um artigo de Daniela Milanesa, da coluna “City Londrina”, aliás o conjunto de artigos dela, ajudam a entender a lógica do “mercado”, principalmente o especulativo. Daniela dá voz a um banqueiro:
“Desde a crise financeira, as economias desenvolvidas não têm conseguido se sustentar sobre os dois pés sem a liquidez, portanto estamos novamente rumo a um ponto crucial”, avalia Jim Reid, estrategista-chefe do Deutsche Bank.
Uma declaração reveladora, a Liquidez, ou seja, os trilhões de Dólares e Euros, injetados pelo FED e BCE, são a MULETA do mercado, aqueles mesmo que eram contra a presença do Estado na Economia, hoje clamam para que ele faça intervenções, cada vez mais massivas, em particular dando “liquidez”, ou seria, mais combustível aos mesmos especuladores de sempre, sustentando a lógica predadora dos grandes bancos.
Daniela vai mais além definindo o que representam os grandes Bancos Centrais: “Os bancos centrais desempenham papel definidor nas expectativas. O otimismo vem sempre acompanhado de forte injeção de liquidez – primeiro do Federal Reserve e agora do Banco Central Europeu. Ao que parece, esses BCs não têm mais planos para novas operações no curto prazo, portanto o importante é saber se as principais economias conseguirão caminhar sem esse apoio”.
Recentemente escrevi nesta série dois artigos mostrando os por quês, desta lógica desenfreada, o primeiro era para explicar quem define e quem controla a política econômico das grandes economias: Crise 2.0: Quem manda no FED e BCE?
“A julgar pela origem de quem manda na economia dos EUA, desde os anos Reagan, estaremos falando do Goldman Sachs e seus homens que dominam o Governo dos EUA. Mas não satisfeitos nomeiam e manobram também a UE, o próprio Draghi é um ex-funcionário do Goldman Sachs.
Aprofundam-se as contradições entre os interesses privados, dos que dominam os BCs(FED, BCE) versus Governos, eleitos ou não, com população experimentando privações nunca vista, tanto nos EUA com 47 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e recebendo a bolsa família (Food Stamps), como também na Europa com países inteiros falidos com amplo desemprego e desagregação social”.
E na outra mão por que estão a lançar tanto Capital e o entregando ao especuladores de sempre, os mesmos que estão na origem desta crise: Crise 2.0: Especulando com Trilhões
“Olhando mais detalhadamente, como são esta injeções de Capital, percebemos como são ações casadas entre BCs e Bancos Privados, estes, quando em riscos são salvos, além de receberem o bônus de mais Capital para especularem. As dívidas dos países em crise recebem injeções de pagamentos com “descontos” que no fundo cobrem aquilo que efetivamente foi emprestado”.
Romper com esta lógica que leva a mais crise é medida urgente, os BCs garantem a “reprodução” do Capital, mas com um componente artificial, o da especulação, não trazendo para vida real, mais emprego e renda, alimenta um pequeno e seleto clube de banqueiros, para que estes continuem sua vida nababesca, enquanto expulsa e joga mais trabalhadores e cidadãos para a miséria e toda sorte de dificuldades.
Até quando esta lógica perversa vai perdurar?
É, acho que a grande questão é esta: o que vai ser dos trabalhadores. Porque em relação aos banqueiros e à Troika a novidade, na minha humirde, acabou.