Arnobio Rocha Reflexões Ao meu Avô, Raimundo Lopes

276: Ao meu Avô, Raimundo Lopes

 

(Santana do Acaraú)

 

Nasci numa família grande, uma boa tradição dos avós. Pelo lado da minha mãe, Lopes, meu avô, Raimundo Lopes, casou duas vezes e foi pai de 33 filhos, era o orgulho dele esta grande linhagem. Do outro lado, Rocha, meu avô, Raimundo Rocha, também foi casado duas vezes e teve 22 filhos. Naquela época, nascer e morrer era tão simples, as doenças, ou males para quem vivia em fazenda era algo natural, mesmo no seio de famílias que não tinham problemas financeiras.

 

Vovô Raimundo Lopes, já mencionado no post A Tragédia do Sarriá: Brasil Arte 2 X 3 Itália Pragmática, sempre foi uma referência na minha vida, pela grande inteligência, por ser um pai e avô muito carinhoso, minha avó Hermínia, pela fotos era uma linda mulher, casou-se com 18 anos em 20 anos de casada teve 22 filhos, infelizmente, não a conheci, mas tive a sorte e honra de conviver longamente com meu avô.

 

Morávamos em cidades diferentes, nós em Bela Cruz, meu avô em Santana do Acaraú, uma distância de 60 km, mas nos anos 70, sem asfalto era uma viagem longa, mas que nas férias de julho ou do fim de ano, era o lugar que mais gostava de ir. O casarão que ele morava, sempre cheio de filhos e netos, parecia que vivia em festas, pelo menos para nós. A sua segunda esposa, D. Mariinha, nos recebia como netos, os filhos delas, alguns da mesma faixa de idade, nem dava para chamá-los de tios, convivíamos como irmãos e aprontávamos todas, com o olhar sempre carinhoso do meu avô.

 

Nos anos 80 minha família havia se mudado para Fortaleza, a distância era maior,230 km, mas as estradas novas asfaltadas, dava impressão de ser mais perto. Já estávamos na adolescência e ali na casa de meu avô os primeiros namoros, as primeiras bebedeiras, as novas energias que fluíam mais fortes. As festas de julho, da padroeira, chegava a ter mais de 50 pessoas no casarão. Ou na época do carnaval, íamos ainda em dezembro para lá. Lembro que  em 1985 criamos um bloco, uma pequena escola de samba, Mocidade Independente, em homenagem a Mocidade do Rio. Meu avô e D. Mariinha eram os patronos, incentivadores, claro que os financiadores daquelas gostosas brincadeiras.

 

A convivência com meu avô foi interrompida quando me mudei para São Paulo, em 1989, nossos encontros passaram a rarear, os beijos na sua cabeça que sempre dava fora reduzidos a poucos encontros, quando ele adoeceu seriamente,em 1999 foi muito dolorido, em 2000 pouco antes dele nos deixar saí daqui e fui visitá-lo, foi duro demais, aquele homem forte, firme, havia dado lugar a um homem destruído em 9 meses pelo câncer. Mas jamais esqueço do que ele era, do que nos ensinou, principalmente sua alegria de viver, do amor aos seus muitos filhos, e nós seus netos.

 

Nos últimos domingos esta saudade e aperto no coração, me faz ficar triste, mas a imagem do Vovô tão querido, só posso sorrir, pois era do que ele mais gostava.

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0 thoughts on “276: Ao meu Avô, Raimundo Lopes”

  1. tambem tenho boas recordacoe la da casa de sr raimundo lopes fui muita vezes com o pedro nas festas da padroeira fui algumas vaqueijadas e ainda tinha as paqueras com as tuas tis e primas delas que vinham de sobral eita tempo bom , e aquela fartura nimguem saia de la sem almocar ou jantar seu raimundo nao deixava boas lembrancas

  2. Salve,

    Sua avó teve 22 filhos? É a segunda pessoa de quem eu sei ter tido este exato, e surpreendente, número de filhos!

    Existe uma chance de você ter algum parentesco com minha esposa. O avô dela, cearense, era um médico chamado Élcio Lopes. Ou seria Elson? Sempre confundo.

  3. Por ser o primeiro neto,conviví mais tempo com ele e guardo com muito carinho seus exemplos e ensinamentos.A sua presença me inspira e não o recordo moribundo,pois a cada visita em seu calvário saíamos mais fortes com sua força a nos dizer sempre “A CADA HORA DEUS MELHORA’,foram longos meses de resignação e FÉ.Matuto inteligente,ótimo PAI.AVÔ,AMIGO,paltou sua existência pelo trabalho,HONESTIDADE e JUSTIÇA,aos filhos e netos incentivava ao estudo e formação acadêmica.Foi e será sempre fonte de inspiração aos que privaram da sua convivência e aos seus conterrâneos brindava com suas histórias e posicionamentos políticos,embora não fosse candidato a cargos eletivos,exercia sua cidadania como poucos.Homem de fé,católocos praticante,rezava o terço diariamente com a família!Conciliador nato sabia a hora de ser duro sem machucar.A VOCÊ MEU AVÔ QUERIDO TODO AMOR E GRATIDÃO,PELOS SEUS BONS EXEMPLOS,PRÁ MIM CONTINUAS VIVO E ME GUIANDO PELA VIDA.

  4. Por ser o primeiro neto,conviví mais tempo com ele e guardo com muito carinho seus exemplos e ensinamentos.A sua presença me inspira e não o recordo moribundo,pois a cada visita em seu calvário saíamos mais fortes com sua força a nos dizer sempre “A CADA HORA DEUS MELHORA’,foram longos meses de resignação e FÉ.Matuto inteligente,ótimo PAI.AVÔ,AMIGO,paltou sua existência pelo trabalho,HONESTIDADE e JUSTIÇA,aos filhos e netos incentivava ao estudo e formação acadêmica.Foi e será sempre fonte de inspiração aos que privaram da sua convivência e aos seus conterrâneos brindava com suas histórias e posicionamentos políticos,embora não fosse candidato a cargos eletivos,exercia sua cidadania como poucos.Homem de fé,católocos praticante,rezava o terço diariamente com a família!Conciliador nato sabia a hora de ser duro sem machucar.A VOCÊ MEU AVÔ QUERIDO TODO AMOR E GRATIDÃO,PELOS SEUS BONS EXEMPLOS,PRÁ MIM CONTINUAS VIVO E ME GUIANDO PELA VIDA.

  5. Vcs Lopes Rocha dão sempre o olé em palavras, emoções, sem se intimidarem em demonstrar tudo que sentem. Vivas a vcs e ao meu pai, sempre meu exemplo de vida, amor, eterno amor. herleila

  6. Arnobio Rocha, sou neto de Cearenses de Limoeiro do Norte por parte de mãe e só conheci minha avó. Gostaria muito de ter conversado com meu avô mas ele se foi muito cêdo. Por parte de pai não conheci nem um nem outro. Estes laços familiares são muito fortes e importantes em nossa formação. Um dos meus tios por exemplo quando começava a falar a vontade que eu tinha era a de ligar um gravador e posteriormente escrever um livro ou fazer um filme com as histórias. Aliás vários filmes e livros. Minha avó idem. São como retratos de um Brasil único e riquíssimo em sua cultura. Grande abraço e obrigado pelo texto.

  7. Os textos mais belos e inquietantes que você escreve são sempre os que desnudam a sua alma, suas reminiscências suscitam no leitor saudades das que também já viveu, é como se fosse um filme passando por nossas retinas, sua história caberia em um belo livro. A poesia presa em você grita por liberdade.

    P.S A adversidade pavimenta a estrada de um guerreiro que a de atravessá-la destemidamente.

  8. Nobinho, que coisa maravilhosa vc homenagear nosso querido pai que pemanece tao presente em nossas vidas, mesmo estando em outra dimensao. Sem duvidas ele e sempre lembrado no coracao de cada um de nos. Pensei em criar um “facebook” pra ele pra que todos que entrassem deixassem uma oracao pra ele….

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