
Donald Trump não enganou ninguém, menos ainda em 2024.
E essa é uma realidade que o mundo deve enfrentar por um período longo. Os ventos da extrema-direita veem da Crise de 2005-2008, ali houve a morte simbólica do Estado de Bem-estar Social, como perspectiva política e de modelo de Estado e de Democracia, depois de 70 anos de iniciado e que foi fundamental no pós-guerra para a luta ideológica frente à URSS e seu aliados, de certa forma, as enormes concessões e direitos aos trabalhadores foram resultados dessa luta do mundo bipolar, com suas grandes contradições.
A queda do muro de Berlim, em 1989, como símbolo da derrocada das economias e modelo político do leste europeu, abriu a possibilidade de que as políticas neoliberais, inauguradas com Reagan (Paul Volcker) e Tatcher, se tornassem modelo para um mundo sem a URSS, sem a polarização ideológica global, a vitória do capitalismo se impunha, os mais apressados chegaram a afirmar o fim da história e que a Globalização era o caminho único, nesse sentido, uma nova divisão social (mundial) do trabalho seria inaugurada, tendo a China como seu chão de fábrica e o EUA como o Império Romano Moderno.
Exatamente 16 anos depois, depois da crise do tigres asiáticos (1997), da dívida russa (1998) e da bolha de internet (2000), começa um processo de uma crise de superprodução de capital no coração do império, que eclode em setembro de 2008, sacudindo o sistema financeiro dos EUA e atingindo a UE, todos os índices da economia estavam no seu pico e a realização de lucros comprimida de forma dramática, levou ao estouro e derrubou Wall Street, já o centro único das bolsas e da especulação pornográfica.
A recomposição do Capitalismo (da taxa de lucros) exigiu uma nova ordem mundial, uma ruptura radical de modelo, para além do neoliberalismo e pariu uma geração que não teve acesso aos benefícios generosos do Estado de Bem-Estar Social e foi ideologicamente formada para negar radicalmente o Estado, a Democracia e a Política. Os anos de 2010 e essa primeira metade da década de 20, fazem parte de um disputa política-ideológica das mais profundas e desesperadora para a maioria da humanidade.
Os estados nacionais em crise, foram esgotados para bombear recursos da maioria do povo para uma minoria cada vez mais rica e perversa, com a situação perda de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, com situação caótica na Saúde e Educação, um bem privatizado, fora os serviços essenciais de saneamento, transportes, energia e comunicações. A recomposição da taxa de lucros pressupõe um aperto jamais visto pelos trabalhadores, expulsos dos empregos formais e vivendo da enorme uberização do trabalho e da vida humana. Pouco resta do Estado, exceto a repressão e forças de segurança, o que abriu espaço, inclusive, para o crime organizado.
Dessa realidade complexa e contraditória, o espaço público, do debate político e da necessidade de se discutir os rumos do planeta, o meio ambiente, a urgência climática, as garantias de vida e de direitos, foi ocupado pela extrema-direita, pelo desespero e pela confusão política, o que cria um verdadeiro estado de caos, sem esperança e sem sonhos. A distopia imposta pelas modernas formas de dominação ideológica, especialmente as redes sociais, seus algoritmos controlados pelo punhado de plutocratas que controlam a economia e as novas formas de gerenciamento do Estado,
A forma última e mais bem acabada desse novo tempo é representada por Musk-Trump, a fusão definitiva dos novos donos do poder econômico e que respondem diretamente pelo poder político, quase sem mediação nenhuma, um exercício direto de força e poder autoritário e que se propõe a destruir qualquer resquício de crítica, valores humanos e de consciência social, é a Barbárie em seu estado de graça, como poucas vezes vista na história.
Há polos de contradições, mas não de confrontos, como os dos BRICS, do poder econômico da China e do poder militar da Rússia, além da capacidade de alimentar o mundo liderada pelo Brasil e sua força verde, mas que ainda não se articulam para o que estar porvir, o poder avassalador imposto pelo EUA. A UE terá que se posicionar, em algum momento, vide a humilhação feita à Ucrânia, a falta de reação e de altivez frente ao que Musk-Trump estão a fazer.
2025, parece ser um daqueles anos para ficar marco histórico, daqueles que não terminarão tão cedo, a conferir!