Há 12 anos e seis meses publiquei o primeiro artigo do blog, mas apenas dois anos depois entendi exatamente a razão de ter um blog autoral, inclusive o método de escrita. Claro que ao escrever você se expõe ao público, grande ou pequeno, exerce dois vetores que se chocam: Generosidade e Vaidade. Eles se interpolam, apenas com os anos, o segundo foi se apagando em mim.
Foi assim que me defini no Blog
Tentarei descrever como é o meu método de escrever. Os textos sobre livros e obras que visito sempre, são frutos de antigo hábito de ler e marcar os livros, fazer anotações e muitas vezes memorizar determinados trechos, páginas, que ficam ali pululando nos meus devaneios. Os textos gregos os li quase que seguidamente entre 91 e 94, e naquela época resolvi fichá-los, muitos escritos foram transportados ao blog de rascunhos à caneta. Procurei não mudar muito como os li e os entendi naquela época, até para saber quem eu era naquele momento da vida.
Devo confessar que tenho uma memória extremamente funcional, a literatura e principalmente o método, no sentido filosófico, foi essencial na minha atividade laboral, vários problemas complexos de software e análise problemas, foram resolvidos graças a esta racionalidade e visão abstrata de que há solução e saída para qualquer tema.
Quando decidi escrever o blog eu queria trazer estes livros ao debate, torná-los interessantes a quem nunca leu. Faço uma busca na memória que li os trechos, marcados ou não, com certa facilidade, quando preciso citá-los, ou buscar uma situação num determinado livro, em regra, não perco muito tempo em localizar, mais uma vez repito: O Google não é pai de toda obra, sem ter lido o livro você não chegará ao conhecimento.
Quando escrevo, geralmente é por demanda minha, não curto escrever nada a pedido de pessoas ou por uma situação urgente na conjuntura.
Escrevo quando tenho insight, na maioria das vezes tudo vem de forma única e direta, elaboração já resolvida na cabeça, os parágrafos, os temas, uma coincidência também em relação ao meu trabalho, tenho grandes insights dormindo ou quando tomo banho, muitas vezes saía de madrugada para o trabalho pois sonhava exatamente o que tinha que fazer. Agora no blog muitos textos são gestados de igual forma. A diferença é que não tenho a mesma urgência, espero acordar ou algumas vezes conservo por alguns dias o texto praticamente inteiro.
Escrever por “rajadas” têm seus problemas, o maior deles é o atropelo de palavras que acho que já escrevi e não o fiz, ou de ir em frente ao discurso sem pontuação, vírgulas. Ou vem tudo de uma única vez ou não saí muito legal, revisitar temas ainda tem sido complicado, em particular o literário, exceto o Prometeu Acorrentado, que é um dos artigos mais lidos, resolvi fazer uma parte dois, a primeira é de 1993 (O Prometeu Acorrentado – Resenha e Análise ) a segunda de 2011 ( O Mito de Prometeu e as Religiões ), são bem diferentes as perspectivas.
Talvez tenha encontrado no blog um caminho para romper com o destino inexorável da vida medíocre com suas eternas preocupações de pagar as contas e enfrentar o cotidiano do trabalho e das mazelas comuns que afligem a todos nós. Ainda não tenho certeza se realmente consegui atingir um ponto certo, mas que alivia a minha dor, nem que seja até o próximo texto, alivia sim.
É uma terapia, um encontro com algo longe, ou perto, mas que diz muito de mim: Verdades, mentiras, vaidades, coragem, fraquezas, alegrias e tristeza…. Enfim humano. Ainda não me tornei um Avatar, ou um personagem de mim mesmo, que tanto precisa do Anonimato, viver nas “sombras”.
Confesso aqui de peito aberto que não tenho lido o teu blog e isto eu atribuo amim mesmo pela minha escravidão a esta vida tão mimetizada a que somos submetidos. A clareza, transparência e qualidade dos teus textos são um convite a outras leituras. por enquanto deixo aqui o meu abraço.
Lindo.
“Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.“ Leminski