A Copa do Mundo do Brasil virou realidade, ela se materializou num país em pleno processo de transformação, confuso, impreciso e inexato. A segunda Copa que aqui aportou encontrou outro Brasil, nada lembra aqueloutro de 1950, depois do primeiro salto de modernização da Era Vargas, da quebra das oligarquias do campo. Vivia-se o experimento de uma industrialização tardia, fruto de nossas contradições históricas e (de) formação socioeconômica, a burguesia rural migrava para as cidades.
A nova Copa nos pega num segundo momento de grandes mudanças sociais e políticas, o país que teve até os anos de 1990 uma extrema dependência externa, baixíssimo desenvolvimento, com pequeno período de amplo crescimento sob ditadura. Passou anos refém do FMI, da inflação e de bolsões de extrema miséria, nenhum projeto “nacional” se impunha para resolver questões básicas e essenciais. A inflação altíssima foi vencida no governo FHC, sem, entretanto, o combate das demais mazelas, a saída foi concentrar mais sem distribuir.
As políticas pragmáticas dos governos Lula e Dilma, mantiveram parte da política econômica de FHC, mas deram uma importante virada no combate à fome e à miséria, além de incentivar uma bem sucedida política de criação de postos de trabalho e aumentos salariais, principalmente na base da pirâmide social. Em menos de doze anos, milhões de brasileiros deixaram à condição de miséria, uma movimentação social é visível, mas ainda enfrentamos várias mazelas, que precisam e devem ser combatidas, em particular em saúde e educação, cujos saltos só se verão refletido em longo prazo, em novas gerações.
A Copa chegou no exato instante em que o projeto de governo passou por grande questionamento, com exigências justas de que avance mais, que enfrente mais as velhas chagas sociais, que muitos identificam com a corrupção, mesmo que neste últimos anos tenha se ampliando o combate e os mecanismos de controle dos gastos estatais. Os velhos corruptores, com sua mídia controlada, aproveitaram os movimentos de protestos para tentar assumir o controle deles e pedir “uma volta ao passado”. Velhas raposas se apresentando como alternativas e cresceram no momento de confusão e na inabilidade do governo de reafirmar o que foi feito nestes últimos anos.
O surgimento de movimentos de “Não vai ter Copa” ou “Imagina na Copa”, foi inflado para tentar desmoralizar toda e qualquer obra ou jogar nas costas do governo a “Incompetência do Brasil”. A negação do Brasil, do seu povo, de sua capacidade de realizar qualquer coisa é e era o fundo de toda as campanhas, é e era preciso quebrar o sentimento de positivo de elevação das condições de vida de felicidade conquistada, mesmo que ainda pouco, mas não se teme morrer de fome ou ficar desempregado. O Brasil tinha se encontrado com o Brasil, isto é péssimo para quem está fora do poder político, pois econômico eles jamais perderam.
A Copa acabou sebdo vítima desta confusão, a mídia jogou todo peso para confundir mais e espalhar que seria um “desastre” que seria uma “Vergonha”, “fruto da incompetência deste governo”. Meses e meses de campanha, parecia que seria vitoriosa a campanha do CAOS, a própria ultraesquerda foi linha auxiliar e colaborou decisivamente para produzir a sensação de fracasso e de desgaste do governo Dilma. Tudo levava a crer que nada funcionaria, nada mesmo, a chacota sobre os Aeroportos, sobre os transportes urbanos e sobre os estádios. A mesma mídia que exigia estádios confortáveis e que as famílias os frequentassem, agora gritava contra eles, denunciando um tal “padrão FIFA”.
A incógnita e o temor tomou conta de nós que defendemos a Copa, pois sabíamos das falhas, dos erros, mas também víamos os acertos e a dedicação para que as coisas funcionassem, não importando se muitas obras ainda cheirassem a tinta, entregues na hora, o importante era realizar e fazer o melhor. A surpresa é o que assistimos hoje, a Copa tem sido um espetáculo, a criatividade, a hospitalidade e a vontade de querer mostrar o melhor de nós, transformou o “climão” de mau humor em enorme catarse coletiva, de felicidade, uma lição inesquecível e inestimável. Agora os oportunistas aparecem para simplesmente desdizer o que falaram, como se não tivessem feito o trabalho sujo de boicote à Copa.
As mudanças se refletem nos jornais e redes sociais, alguns ainda permanecem na espreita que algo ruim aconteça para provar suas teses, estamos de olho, o “novo” discurso de vez em quando resvala nos velhos ódios, mas faz parte do momento. O importante é continuarmos firmes para fazermos a melhor e maior de todas as Copas, para que o Brasil volte a se encontrar com o Brasil, que sigamos na toada de mudanças, de cobrar e exigir sempre o melhor de todos os governos.
Antes de qualquer coisa, devemos exigir de nós mesmos o que podemos fazer melhor em nossos trabalhos, nas nossas vidas, no exercício da cidadania e na participação na Sociedade. Agindo assim, depois é mais fácil cobrar dos demais, para que juntos possamos construir uma grande nação, não apenas na Copa, mas em todos os momentos.
#Vai Brasil
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