A Crise teve seu epicentro nos EUA, com a superprodução de Capital em 2005, mas seus efeitos malignos só foram plenamente sentidos em meados de 2007, com as primeiras quebras dos bancos que financiavam as grandes hipotecas, atingindo o ápice das quebras em setembro de 2008 com o Lehman Brothers, de onde se convencionou dizer que é a data de início da Crise, para que acompanha esta série sobre a Crise 2.0, sabe com precisão as sutis diferenças fazem TODA a diferença. Nestes 7 anos, como escrevemos recentemente nos posts Crise 2.0: EUA, a Fraca Recuperação , Crise 2.0: EUA, sete anos depois… e Crise 2.0: O Risco EUA, a economia continua sem rumo, o que prejudica o mundo todo.
A Europa teve seu ápice de Superprodução 2 anos depois dos EUA, com a mais alta do Euro e o emprego/salários em expansão, as torneiras do dinheiros fácil e abundante, inundavam todo o velho continente, países como Espanha, Portugal eram vistos como novos tigres, até o endêmico desemprego espanhol retrocedera para patamar inferior aos 10%, tudo era festa, um bolha imobiliária crescia de forma veloz. Além da armadilha dos empréstimos capitaneados por banqueiros alemães e franceses. Uma modalidade de emprestar sem sair dos cofres, um pacote “all inclusive”, em que, por exemplo, um banco alemão emprestava dinheiro para Espanha, desde que ela comprasse produtos da Siemens, ou um banco francês com a condição de levar produtos da Alcatel.
Tudo isto caminhava sob a rígida e comemorada proteção da Zona do Euro, jamais se questionava que no fundo estes países apenas compravam novas dívidas, que um dia seria cobradas, e que os juros poderiam ser alterados. Quando sobreveio a Crise, a queda foi inexorável, todos os países tomadores dos pacotes “All inclusive” caíram, um a um, Irlanda, Grécia(todos os gastos das olimpíadas e obras), Portugal e agora Espanha. Um castelo de cartas que se aproxima de Itália e França. A Alemanha, como demonstramos acabou por se beneficiar completamente deste sistema, agora se apresenta como tendo feito suas lições de casa, enquanto os demais são meros gastadores irresponsáveis, como se seus bancos e empresas não tivessem sustentado toda esta farra. Agora exige o “sangue” de cada um. Apenas o resgate dos bancos espanhóis endividará em 900 euros casa espanhol, que pagará com mais tributos e/ou menos prestações sociais na saúde, educação e seguridade.
Hoje o El País mostra um grande gráfico exemplar de como foram estes último 20 anos do país, fazendo uma correlação com seu prêmio de risco, é uma verdade acachapante, enquanto tudo ia bem, muito dinheiro, incentivo ao enriquecimento(sem lastro), juros baixos e nenhuma pressão, a UE era uma miríade de prosperidade, seria para que todos participassem do banquete da bonança, livres da ameaça “comunista” do leste europeu, tudo era festa e fausto:
Mesmo o governo da direita, mais que identificado com o “Deus Mercado”, a queda é violenta, a aposta dos mercado é humilhar e sangrar até a Espanha pedir o resgate total, este é o caminho final, o epitáfio de uma trajetória neoliberal, em que embarcou tanto os “socialistas” do PSOE, como a Direita do PP. É um alerta para todo o mundo, que tipo de condução se faz da economia. A última barreira que o mercado quer é o fim da soberania e autonomia local.
Voltaremos ao tema num próximo artigo.
0 thoughts on “499: Crise 2.0: O caminho do desastre espanhol”