Acabo de ser informado que faleceu na última quarta-feira, dia 18 de julho, o grande teórico de Marx, Robert Kurz, figura singular da Esquerda mundial, que ganhou enorme projeção no começo dos anos 90, após a queda do muro de Berlim, quando muitos abandonavam as teses de Marx, seu método de análise, Kurz publicou o livro “O Colapso da Modernização”, iniciando assim uma nova abordagem de Marx, com uma visão crítica das sociedades do leste, sem aceitar o fim da história, que ganhava corpo no mundo.
O texto original de Kurz, colocando as sociedades do leste, como parte das engrenagens do capitalismo, ou como sendo o “socialismo real” parte da sociedade mercado, com a diferença de ser “planificada”, com o Estado como a força máxima dos destinos, uma ideologia aparentemente de esquerda, mas que não fugia da lógica do capital, sujeito às crises cíclicas e dependente do valor. A tese era polêmica, mas fundamental para um novo entendimento da ruína das sociedades do leste, exceto China(aliás uma lacuna na análise dele).
Em dezembro do ano passado, fiz um texto, em que reafirmava minhas convicções políticas e de como surgira a série sobre a Crise 2.0, e como Kurz fora fundamental na minha formação, o post Crise 2.0: Uma reflexão necessária, diz mais ou menos assim, quando lembrava do início dos anos 90:
“O impacto e a desmoralização da esquerda era visível depois dos eventos da queda do muro, as poucas energias se perdiam rapidamente, o peso da derrota do leste era muito forte. Os trotskistas que acreditavam que haveria uma onda de revoluções no leste, umas reabilitações do velho Leon se viram igualmente abatidos, minha modesta opinião a maioria deles nunca se preparou política ou intelectualmente para assumir o debate da queda.
Lembro ainda de Robert Kurz um dos primeiros caras a levantar a necessidade de voltar à Marx, ler o Grundrisse, mais ainda o Livro IV do Capital, que praticamente a esquerda não conhecia. A revista que ele criou, Krisis, foi um veículo de um rico debate, mas que os estigmas (stalinista ou trotskista) trataram de afastar do centro do debate”.
Sem dúvida, ouso dizer, que sem as lições deste mestre, dificilmente teria escrito estes artigos, seguido seus passos, produzir quase que artesanalmente, e incentivar a volta aos estudos de Marx, no meio da queda do muro de Wall Street, momento tão radical de confusão teórica, quanto fora em 1989. Houve um “empate” no jogo ideológico, mas, do nosso lado, o desarmamento é muito maior, de 20 anos de retrocesso.
O mestre morreu, mas sua obra, seus ensinamentos, rigos, honestidade e honra intelectual será seu legado para todos nós. Robert Kurz, Presente!
Triste notícia. Lá se vai um pedaço expressivo da já tão combalida racionalidade.
Assim como Marx e Engels foram os mais consequentes na critica da aurora do capitalismo esse cara(Robert Kurz) e grupo Exit estão sendo no crepúsculos do mesmo.