A experiência de acompanhar, aqui a série sobre a Crise 2.0, a decadência da Grécia, era um duro aprendizado, pois foi feita com longa agonia, mês a mês, o país era submetido a extrema humilhação, com a entrega em doses homeopáticas dos valores do resgate, em particular o dinheiro para cobrir salários e despesas do Estado. Exceto a ajudas aos 4 maiores banqueiros , de 18 bilhões de Euros, que foi entregue sem embaraços. Até nas eleições havia ameaça de não entregar, caso a esquerda vencesse.
Ainda no meio da crise que abalava e paralisava o país, Papadreoun, o inepto premier socialista, foi a Bruxelas e ficou esperando duas horas para se entrevistar com Merkel, não satisfeita, a Chancelar alemã exigiu sua renuncia imediatamente. Impuseram um Primeiro Ministro biônico, PapaDEMos, cuja missão fundamental era obrigar o parlamento grego a assinar os termos draconianos do Plano de Austeridade, em nome do resgate total, ou TODOS os partidos assinavam ou não haveria ajuda. Historiei aqui várias vezes estes humilhantes e dramáticos acontecimentos.
Quase como um filme repetido, as mesmas cenas se repetem com a Espanha, nos últimos 2 meses venho escrevendo/denunciando o verdadeiro absurdo que se está a fazer com um país livre, dirigido por um tolo, Rajoy, eleito fruto da combinação de repúdio aos socialistas e pelo boicote dos indignados. Sem qualquer plano de governo, ou proposta, se deixou tutelar pelos técnicos alemães enviados por Merkel, após as eleições. Com ampla maioria congressual, Rajoy, atentou contra o povo espanhol como jamais visto numa democracia.
Mesmo o país mergulhado numa crise sem precedentes, com altíssima taxas de desemprego, de 1 em cada 4 trabalhadores, com a 23% da população vivendo no limite da pobreza, Rajoy, impôs dois cortes violentos no orçamento, atacando principalmente os gastos em Saúde, Educação e Seguridade. Mesmo com toda política de agradar à imposição da Troika, o “Deus Mercado” não lhe deu refresco, neste 7 meses o prêmio de risco aumentou em quase 60%, os títulos da dívida pública são oferecidos com resgate de mais 7,6% ao ao ano. Tecnicamente o país faliu, prova disto é a fuga de capitais que atingiu 300 bilhões de Euros em 1 ano, apenas na sua gestão 200 bilhões.
As várias crises se somaram na Espanha: Dívida Pública, Dívida das Províncias e por fim a quebra dos bancos. O Estado sem dinheiro para resgatá-los conseguiu um resgate parcial, desde que novos cortes fosse feitos, o que está sendo rigorosamente cumprido, com a aprovação do Tesouraço na última sexta, dia 20 de julho. Mesmo assim todos os indicadores pioraram, nada voltou a um termo aceitável. O inepto Rajoy despachou seu Ministro das Finanças, Luis Guindos, ex-número 2 do FMI, da gestão de Rodrigo Rato, para esmolar pela Europa. De pires na mão Guindos foi a Paris e pede de forma humilhante uma reunião com o Ministro das finanças da Alemanha.
Segundo a mídia o governo espanhol está à beira do pedido final de resgate total, o que significará os mesmo problemas descrito nos primeiros parágrafos, quando falamos da Grécia , nas palavras do jornal espanhol El Economista “O governo da Espanha está considerando a possibilidade de pedir um pacote de resgate total, que permitiria ao país honrar sua dívida e evitar um colapso financeiro “iminente”, caso o Banco Central Europeu não retome a compra de títulos espanhóis para ajudar a reduzir os custos de financiamento. Na semana passada, a Espanha obteve a aprovação da União Europeia para um plano de ajuda de até 100 bilhões de euros para os bancos espanhóis”.
O Jornal diz ainda que “a ajuda seria temporária e ficaria em vigor até a criação de uma órgão supervisor do setor bancário da zona do euro e o lançamento do Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM, na sigla em inglês), que ofereceriam soluções de mais longo prazo. “Os analistas são unânimes: se a pressão sobre os títulos espanhóis continuar e o Tesouro perder acesso ao mercado… a Espanha não será capaz de lidar com o grande volume de dívidas que vence em outubro, algo em torno de 28 bilhões de euros”, disse a reportagem. O ministro da Economia, Luis de Guindos, viaja hoje à Alemanha, onde espera convencer o colega Wolfgang Schäuble a orientar os emissários alemães do BCE para que permitam que a instituição retome a compra de papéis soberanos da Espanha no mercado, de acordo com o jornal. “A reunião é importante porque o prazo da Espanha está acabando”.
Mesmo com a situação humilhante as fontes governamentais ainda são arrogantes em falar de “resgate temporária”, só que ao mesmo tempo, Guindos se ajoelhará diante dos pés do Ministro alemão para que interceda junto ao BCE. Francamente, este fracassado governo da extrema-direita espanhola já deveria ter vindo abaixo, é uma combinação de incompetência com tosca arrogância inútil. Por outro lado, a própria UE já se prepara para o pior cenário, o mais provável: o Default espanhol.
Segundo a agência Dow Jones “O ministro de Finanças de Luxemburgo, Luc Frieden, disse que os membros da zona do euro estão preparados para responder rapidamente e ajudar a Espanha, em meio ao aumento nos custos de financiamento para o país. Mas afirma que não existe no momento nenhum plano em andamento para um resgate total ao governo espanhol. O país recebeu este mês a primeira parte da ajuda ao seu sistema bancário. “Em épocas tão difíceis como as que nós vivemos agora, é preciso acompanhar a situação permanentemente, diariamente, e estar pronto para agir a qualquer momento”, disse Frieden em uma entrevista para a Bloomberg News. “As decisões políticas no caso da Espanha, e também da Grécia, foram tomadas para que nós sejamos capazes de agir rapidamente. Isso é essencialmente importante agora e nos próximos meses”, acrescentou.
Apenas para começar a guerra mais terrível de nervos, assim como foi a praticada com a Grécia, “o ministro luxemburguês comentou ainda que uma reunião do grupo de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo) antes do encontro programado, em setembro, não é necessária. Aqui no Brasil, lembramos de como era humilhante ver os nossos ministros da Economia sendo enxovalhados por técnicos burocratas do FMI, aquelas cartas de intenções que tanto machucaram nossa soberania. Irlanda, Portugal, Grécia e agora Espanha são expostos ao ridículo, que ano mesmo estamos?
O chicote da Troika que açoita irlandeses, portugueses, gregos, começa a experimentar o couro espanhol…espetáculo de horrores…
Jamais esquecerei as caras de madeirafrias dos técnicos do FMI. Nos últimos anos da presença deles aqui vinha uma mulher (esqueci o nome dela, ainda bem!) especialmente nojenta. Os pulhas se achavam deuses, os jecas do PIG os veneravam, os representantes do governo os reverenciavam, era um espetáculo doloroso. Obrigada, Lula, por dar um fim a esse circo no Brasil.