Por volta da metade dos anos 80, já estudava na Escola Técnica, fazia movimento estudantil, quase em tempo integral, mas sem me descuidar dos estudos, aliás, esta foi a lição básica, que aprendi com meu Professor Paulo César Cortez, ensinava Eletromagnestismo e de estudos clandestinos de Marx. Quando estudávamos Marx, um pequeno círculo de amigos, eles dizia: “cara, sem você ser bom aluno, ninguém vai lhe respeitar, estude, não falte aulas, seja exemplo assim também”. Por mais que não tenha gostado ali, vi que ele estava certo.
Mas não é sobre isto que quero escrever, quem sabe um dia volte ao tema, vamos ao que interessa. Por esta época comecei a curtir rock progressivo, basicamente Pink Floyd, algumas influências foram dos meus quase irmãos e camaradas Alexandre Costa, Carlos Marcos e Hélade, ouvia na casa deles, aqueles LPs maravilhosos, em particular Wish You Were Here, The Dark Side of the Moon e The Wall. Ficávamos entre estudos de textos e reuniões ouvindo os LPs, principalmente na cada do Alexandre, o pequeno. Na verdade eu ouvia, quase nada entendia, mas gostava do som.
Bem depois, mais para o fim dos anos 80, já morando em São Paulo, comprei um Walkman, contei esta história no post Música: do LP ao MP3, aí comprei as fitas k7 do Pink Floyd, descobri os outros trabalhos anteriores ao The Dark of the moon, a fase Syd Barret, as viagens lisérgicas, as transformações do grupo. Lembro q comprei uma revista, se não me engano uma Buzz especial que contava a trajetória do grupo, as fases, as principais letras, as curiosidades, as brigas, a disputa pelo controle, até o último trabalho, que não conhecia ainda, The Final Cut.
Foi daí que passei a comprar todas as fitas K7 do Pink Floyd, onde viajava, levava as fitas, trabalhava viajando pelo Brasil, minha companhia : Meus livros e Pink Floyd, por muito tempo. Agora me vem a imagem de quando morei em Rondônia, estava na época lendo a Divina Comédia, ouvia muitas vezes Wish You Were Here, o álbum todo, enquanto me concentrava nos círculos do Inferno. Duas viagens simultâneas, os desenho do Gustave Doré da Divina, as músicas longas, prolongavam a vontade de ler, ouvir e ver.
Depois quando morei no Japão, descobri uma quantidade imensa de shows gravados do Pink Floyd, que lá eles vendia em CDs, comprei alguns muito bons, gravações diferentes, mas em geral não era a formação clássica. David Gilmour , Rick Wrigth e Nick Mason, ou de Roger Waters e convidados, a separação definitiva pós-The Final Cut, as disputas pelo legado, o direito de usar a marca, dizimou a criatividade, as energias para novas viagens. O esgotamento, pelo menos para mim, tem muito a ver com estas brigas intermináveis.
Em 1994, finalmente a parte Gilmour do Pink Floyd consegui lançar um álbum à altura da história do grupo, o The Division Bell, é maravilhoso, rico em letras, melódias, as grandes reflexões do passado vieram forte, lembro que comprei o CD duplo da turnê mundial P.u.l.s.e., de 1995/6, no Japão, e vi que a junção do passado e presente, estava em bom equilíbrio. Foi o último trabalho de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, a imensa criatividade, os espetáculos grandiosos, cheio de coisas que só nos anos 2000 vieram a fazer algo igual.
Em 02 de julho de 2005, em Londres, no Live 8, um momento histórico os velhinhos, cabeça branca, cheio de marra, se reuniu pela última vez num emocionante encontro, lembro como se fosse hoje, ouvindo pelo rádio a pequena apresentação, eles extremamente nervosos, meio sem se olhar, quando Gilmour ia sair do palco, Waters o chamou e ele se abraçaram, é de arrepiar lembrar. Houve um certo momento que todos achavam que eles poderiam voltar a se reunir, fazer uma turnê, mas a morte de Richard Wright, em 2008, pôs por terra o sonho.
Houve novos encontros de Waters e Gilmours, algumas ações beneficentes e dividir palcos, mas o Pink Floyd se fechou no The Final Cut, que já estava desfalcado de Wright, brilhou intensamente no Division Bell, mas definitivamente nossos sonhos ficaram nos espetaculares álbuns dos anos 60 e 70, mais de uma década de alto nível e criatividade, uma época incrível que nos legou marcantes músicas e espetáculos grandiosos.
Uma curiosidade, nunca consegui ver o filme The Wall, mesmo gostando demais do álbum, o filme já tentei ver, simplesmente não consigo, um bloqueio, sem dúvida. As formações do Pink Floyd:
Minha lista, injusto mas vai de cabeça :
- Time
- Wish You Were Here
- Wearing the Inside Out
- Comfortably Numb
- Hey You
- The Final Cut
- Mothers
- Us and Them
- Money
- Shine on you crazy diamond
Melhor álbum: The Dark Side Of The Moon, talvez o melhor de todo rock, ali pau a pau com Led Zeppelin IV.
O Encontro londrino de 2005, no Live 8
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=LJTfMOzuH28[/youtube]
Sobre The Wall, Arnóbio, montamos no Distrito Federal a peça no final dos 90, com banda tocando ao vivo.
Tive o prazer de curtir as músicas, interpretando Pink e suas neuras.
Nossa “surrogate band” foi o Fluido Acústico.
O link da página deles, com algumas gravações: http://oclubedosom.com.br/fluido/fluido.htm
No blog do Forte Cultural tem algumas fotos da montagem:http://edisilva64.blogspot.com/2011/08/clique-nas-fotos-para-ampliar.html
Ensaio: http://edisilva64.blogspot.com/2008/09/wall-1999.html
Este magrelo sou eu: http://edisilva64.blogspot.com/2008/08/wall.html
http://edisilva64.blogspot.com/2008/08/wall-1999_29.html
http://edisilva64.blogspot.com/2008/08/wall-1999.html
Abraços.
Olá, Arnobio!
Obrigada pelo post!
Abs
Elaine
Ótimo texto, meu amigo. Fez-me lembrar da minha relação com o Pink Floyd, creio que temos muito em comum. Adorei.
Abraços.
Assisti The Wall no cinema, há 30 anos, eu já ouvia pink floyd há algum tempo, e era comum aqui no meu bairro referir-se aos albuns pela capa, “o da vaca, o da orelha, prisma…”, o melhor é que eu estava com uma baita de uma amigdalite, com febre, no frio do cinema, foi viagem pura, delírio da febre, delírio do filme… :)
Sim, Pink Floyd acabou no Final Cut, embora haja gente que ache que a Gilmour’s band seja Pink Floyd, e outros que achem que tenha acabado com a saída do Crazy Diamond Syd Barret.
E não, não me atrevo a fazer nenhum “set list” dos caras >:D
Cara, tenho toda a discografia em mp3 vários cd’s e discos. Passei minha adolescência curtindo esses caras. Náquela época era difícil obter informações dos caras (só revistas, jornais e os discos). Sou alucinado por The Wall e The dark Side, mas as máuscas Summer 68, Have a cigar e Arnold Lane me fazem sentir uma viagem muito estranha e gosto disso, sempre careta é claro. Achei que ia morrer sem ao menos experimentar ao menos um pouco de Pink Floyd ao vivo, mas esse ano, no primeiro show no Morumbi eu estava lá e pude ver o Roger Waters com a turn~e The Wall e foi a coisa mais incrível que já me aconteceu, melhor que a primeira transa! Chorei umas quatro vezes. Vou tentar por os videos que eu gravei no you tube e te passo o link! Abraço