O frio toma conta das noites de São Paulo, a temperatura caí, caí, nesta última semana, a sensação é de congelar. Como faço, quase todos os dias, ponho minhas filhas na cama, é um boa noite e um aquecimento para que elas não sinta mais frio, abraço a Lelê e relembro nossas tarefas do dia seguinte, acordar cedo, tomar café, prova de matemática, correria, hoje começa preparação das olimpíadas de matemática, mais uma atividade, para que está cheia delas, mas ela fica empolgada, mesmo cansada.
Mas, durante a lembranças da tarefas, falo que sábado tem mais um exame de sangue, nem é para acordar cedo, apenas para saber que temos uma atividade a mais. Eis que ela me olha e diz calmamente: “Papai, não me deixa sofrer mais, estou cansada, isto não vai acabar nunca? Exame sábado, quimio segunda”…Parecia que acabava de levar um soco forte no estômago, segurei a respiração e as lágrimas, respondi firme: “Calma, está acabando, até o fim do ano, falta pouco”… Ela retruca: “Mas, ano que vem ainda tenho que ficar indo lá”.Argumento: “que é apenas controle”.
Ela me olha com a carinha meio feliz, meio triste, me abraça mais forte, sorri, esquece ou não, me acalma ou não. Nestas horas toda fragilidade humana se agiganta, desarma, ela nem imagina, que daria tudo na vida para jamais ela sofresse, de como morro lentamente a cada exame de sangue, a cada quimio. A imensa angústia que sinto ao pensar nas dores que ela tem, a preocupação que volta, o medo que abate e congela a alma. A mesma dor não pode nos vencer, ela suporta, nós também.
Agora mais consciente de que não adianta “dar corda” no relógio, o tempo é este, é da aflição, das pequenas vitórias, ser firme e ir contando os dias, sentindo mais perto do que longe, hoje está mais alcance do que ontem, nos esquentaremos juntos no frio, como fizemos no Chile, com menos 16, sorrimos na neve, vimos que é possível viver em condições tão adversas e ainda sorrir. Nosso longo inverno passará, e uma nova primavera nos sorrirá, como o sorriso dela, que serve como balsamo para minha alma alquebrada.
Agora podemos cuidar de um e o outro como diz a letra da música, carregar nossos sentimentos únicos, próprios de força, amor e carinho. Que aquelas duas carinhas sempre sorriam para vida, quando der, que seja para mim também.
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Cara muito feliz de conhecer a maneira que voce consegue tratar essa=e assunto.
Meu irmão querido,
sinto sua dor nas palavras que escreve, mas a esperança é nossa companheira. Confie e lembre-se ” Deus dar a roupa conforme o frio’, tudo vai passar. DEUS É MAIOR QUE NOSSOS PROBLEMAS.BJS SUA IRMÃ.
É dolorido,angustiante… vocês vencerão!