2537: Aleatório versus IA

A matemática tenta sintetizar o aleatório, aquilo que a filosofia imagina.

“Ai meu coração que não entende
O compasso do meu pensamento
O pensamento se protege
E o coração se entrega inteiro e sem razão”
(Conflito- Petrúcio Maia e Climério Ferreira)

Nesse tempo de Inteligência Artificial (IA, AI), de superconcentração computacional que aprende sobre o que somos e o que pensamos, nos respondendo de forma óbvia aquilo que talvez levássemos muito tempo para executar, pois é disso que trata a IA, combinada (ou comandada) por poderosos algoritmos modelados para induzir nossas vidas a um padrão, ditar nossas regras de comportamentos, desejos, ações e ideias (política, religiosas, filosóficas, etc.).

Só nos resta, aqueles que já estão aqui há mais tempo, nos rebelar, viver o ALEATÓRIO, pensar fora do padrão, da imposição, aquilo que o Capital e seus feitores levaram séculos para nos domar completamente, a AI, os algoritmos, impuseram o controle ideológico em menos de duas décadas, com as ferramentas das redes sociais, e nos dizem o que fazer, como fazer, através de mensagens no whataspp, suas verdades estúpidas, usadas cientificamente, mesmo que negando a ciência e o método.

Ou é, ou não é, brilhante?

Captam todo o conhecimento, por exemplo, a IA Generativa (ela aprende partindo do que sabemos e pensamos), reelabora e vira sua propriedade, sendo mais direto, pega-se um texto que você escreveu, manda num chatbot, ele lê, entende, reescreve e te devolve “limpo”, como se fosse dele, quando na verdade é seu, mas não lhe pertence, você deu gratuitamente parte do seu saber, assim como a IA já “leu”, copiou e colou, teses, livros, tratados, algoritmos, pesquisas, sugando a matéria essencial, tornando-se DONA, não Inteligente, propriamente dito.

Dessa massaroca toda, ela vai “pensar”, dizer o que fará a cada passo, como atravessar a rua, dirigir sua bicicleta, sua moto, carro, ou entrar num ônibus, para onde irá, não importa, ela saberá quem você é e o que faz, sua academia, seus hábitos, seus desejos, taras, idiossincrasias, o que come, o que bebe, do que vive.

“Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor”
(A Flor e o Espinho – Nelson do Cavaquinho)

Essa simbiose nos levará ao nada?

A IA, o superconcentração de computadores, o encadeamento lógico de trilhões de informações podem servir para um controle total do mundo, mas não vai pensar o novo, o aleatório, não vai elaborar, muito menos entender “ser ou não ser”, o sentimento de Capitu, as sutilezas de Clarice, as dores de Príamo, a solidão de Penélope, nem mesmo a força Medeia, de Antígone, as Teses de Abril, a Teoria do Valor.

Cada dia, sei que são meus últimos, enquanto a IA é generativa, a minha vida é degenerativa, procuro exercer a ruptura, o aleatório o viver para pensar, não importa se é certo ou errado, mas é resistência, é vida, é real, é concreto, é humano.

Por hoje, é isso!

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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