Arnobio Rocha Reflexões Brasília, 9 meses, uma paixão!

2362: Brasília, 9 meses, uma paixão!


Céu azul e árvores magníficas, as contradições do concreto de Brasília.9

Um outro dia que parece ontem, uma longa jornada solitária de carro, cheia de medos, incertezas, a mudança radical depois de tantas décadas, sair de São Paulo e vir para Brasília.

Um caminho de vida, 34 anos, de tantas vitórias, afirmação pessoal, vida, família, trabalhos incríveis, a consolidação de minha formação profissional e intelectual.

Em outra mão, uma tragédia que cortou minha em duas, e juntar as duas partes não é uma tarefa fácil.

A generosidade dos companheiros (Fabiano, Fábio Gaspar, Luciano Barbosa, Rui, Marco Aurélio,  Caixa D’água e tantos e tantas) que me trouxeram, acreditaram em mim, é algo impagável, para todo o sempre.

A generosidade dos meus amigos-irmãos (Fausto, Marilena e Laiza) que me receberam, me deram um teto, tornaram possível minha adaptação, é de emocionar e agradecer eternamente.

O sol e o céu azul de tonalidade incrível te rouba o chão, mas olhamos para os lados, o verde, teimosia da natureza que lutou contra o concreto armado e venceu.

Não há palavras para definir Brasília, a viagem psicodélica de construir no meio do nada uma fábula, a coragem dos candangos, dos verdadeiros astronautas, desbravadores, entre eles meu velho pai, que se orgulhava de ter ajudado nesse sonho.

As ruas , os números, a lógica espelhada das asas, dos eixos, tudo parece igual, mas a simetria é diferente, atordoa no início, depois até as tesourinhas fazem todo o sentido.

Os monumentos desafiam a compreensão, de como mentes tão geniais pensaram aquilo tudo? A arquitetura, o uso e a homenagem aos nordestinos dos cobogós, refrescando a linha do concreto.

As alamedas coloridas, de árvores, cheiros, a intimidade partilhada, em que o público e o privado se respeitam, tudo é comum, e é bem comum, humaniza e aproxima.

Vir e estar aqui é agradecer a cidade, sua gente, terra de Hamilton de Holanda, do Clube do Choro, muito obrigado, pelo acolhimento, pelo jeito goiano-mineiro-nordestino-sulista-paulista-paraense de ser, somos todos e sintetiza o Brasil, desigual e combinado.

Obrigado, 9 meses, grávidos de amor por Brasília.

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