Arnobio Rocha Filmes&Músicas Voltar ao Buena Vista Social Club – Os 14 anos do Blog.

Voltar ao Buena Vista Social Club – Os 14 anos do Blog.


Buena Vista Social Club mais do que um sonho, é a resistência cultural de um país.

Nesse mês de novembro o blog completa 14 anos de existência, são 2332 publicações, com muitas viagens, ideias, sonhos, risos, emoções, choros e vida. Claro que sem dúvida é um painel sobre o que penso, pois é autoral, minhas vaidades e limitações, acertos e erros, sacada boas e bobagens, mas no conjunto valeu a aventura e a teimosia em trazer até hoje vivo, com seus poucos leitores, mas a satisfação pessoal é enorme.

Revisito velhos textos, muitas vezes provocado por memórias afetivas, ou por mero acaso, completamente aleatório, hoje, é o caso, procurando ouvir músicas na minha caminhada no sol forte e cortante de Brasília, rumo ao trabalho, nessa escolha veio um playlist de músicas cubanas, de cubanos ou não, iniciado com o encontro de Bebo Valdés com Diego el Cigala, depois seguiu-se com Pablo Milanés, Silvio Rodriguez e Buena Vista Social Club.

Buena Vista causa uma enorme saudade e emoção, tinha um texto escrito em setembro de 2012, que reproduzo em parte, mantenho tudo que está ali, o impacto deles sobre mim continua me emocionando.

“Voltei ao grande filme, pois, poucos filmes/documentários me emocionam tanto, quanto Buena Vista Social Club, aqueles velhinhos resgatados por Ry Cooder, numa gravação espetacular do CD, que, posteriormente, virou o famoso documentário do mestre Win Wenders. Desde os acordes iniciais e as cenas da velha Havana já causam um estranhamento, que imediatamente liga o radar de que se trata de uma obra única, especial, vira ícone ou cult, se preferem. Impressionante como sou tomado por forte emoção, o coração bate mais forte, a voz fica embargada, os olhos ficam marejados.

A coleção de clássicos que eles vão cantando, entre belas imagens e ótimos diálogos, aparentemente espontâneos, sem um roteiro decorado, flui com leveza e emoção. Os geniais velhinhos vão falando de si, de suas músicas preferidas, as histórias, nem sempre felizes, nostálgicas, como se fossemos levados aos anos 50. Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Omara Portuondo, Eliades Ochoa e tantos outros, que  cantam e tocam com um amor que impressiona, mestres da paixão pela música, de um povo tão musical.

A sensibilidade de Win Wenders em filmá-los, extraiu muito de cada um, tem-se um panorama mais profundo e verdadeiro do que a música representa para eles, de como ela os fez viver. Mesmo com  o fim do Clube, o afastamento do meio profissional,  a música não parou de correr nas veias deles, a oportunidade de voltarem a cantar é quase um conto de fadas, para sorte de todos nós. Os clássicos ali desfilados um a um no filme é uma rica homenagem ao passado, mas mais ainda ao presente. Mais uma vez os olhos me denunciam.”

Os olhos, mais uma vez, me denunciam!

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