2156: Dos Erros.


Errar é como viver no deserto da consciência humana.

Minha vida é ERRAR.

Talvez diria que minha vida é um grande erro, mas não tenho essa estatura toda  para dizer que é grande, fico, assim, apenas com o erro. Sim, é desde minha tenra idade e lembrança que cometo erros, poderia ser um defeito de fabricação, mas desde logo poupo meus velhos, nada têm a ver com as minhas escolhas, ou minha personalidade.

Quem erra, erra por si, não precisa culpar ninguém, ou arrumar uma boa desculpa (novo erro) para justificar seu próprio erro, tornando assim um cipoal infindável de erros que se somam às escusas mais ridículas e com uma grande falha de narrativa, que ao invés de lhe absorver, lhe torna mais errado, quem sabe mais mentiroso.

Afinal, erro e mentira, são parceiros do infortúnio humano, vão degradando o ser até ele achar que é mentira que comete erro, ou que errou por conta da mentira, e assim seguem, numa simbiose sem fim, um erro, uma mentira, ou seria uma mentira e um novo erro, perde-se a noção do é um ou do que e o outro, pois de tão grudados, não se divisa mais.

Errar é humano, é a melhor mentira que nos acalenta, então vamos errando e seguindo, sem procurar não cometer novos erros, dar-se o contrário, encontra-se mais erro e se explica com o bordão, nem precisa repensar, está tudo pronto na cabeça e nas ideias.

É muito trabalhoso não errar, nem é por falta de vontade, é que parece que não tem graça fazer tudo certo, talvez o existir humano tenha sido um Erro da natureza, o imponderável nos deu vida, “consciente”, e o pior da consciência é saber que temos fim, esse assustador saber de finitude, nos faz prisioneiro do erro, da busca de algo que não somos e que não teremos, a eternidade.

A segunda coisa mais dolorida da Consciência, é saber que Erramos, admitir é um terror.

Todos os dias, como também nos enganos (de que não erramos) todos os dias, uns mais, outros menos, até mesmo os iluminados, avatares da humanidade, cometem seus Erros, menores que os nossos, talvez. Entretanto, mesmo assim, não podemos usar esse erros como explicação sobre nossas condutas.

Às vezes temos, eventualmente, um grande acerto, quase como se somando alguns erros, a vida lhe sorrir e dar um presente, um (a) filho (a), um grande amor, um baita emprego. um profissão que lhe redime, de repente, vem mais um erro, mais um…

Erramos com nossos companheiros de vida, nossos amores, nossos amigos e amigas, por uma infinidade de razões e vezes, e vai doendo tanto, tanto, que nem lembramos como é acertar.

E assim vamos até o erro final.

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