Há 58 anos o Brasil vivia o grande golpe na Democracia, a mais longa noite de sua história que deixou o país sem eleições diretas para presidente por 29 anos, de 1960-1989, ainda que a Ditadura Civil-Militar tenha durado 21 anos (64-85), com seus efeitos nefastos ainda sentido, como a ameaça velada de quarteladas, ou seus entulhos legais que permanecem até hoje.
A incapacidade do Brasil de passar a limpo seu passado, de fazer justiça, revelar e punir responsáveis pelas mortes, torturas, de apresentar os desaparecidos e as circunstâncias em que tiveram suas vidas ceifadas, para que as suas famílias, agora netos, bisnetos, possam dar o descanso definitivos aos seus parentes que tombaram num enfrentamento absolutamente desiguais.
Hoje estive na II Caminhada do Silêncio criada pelo Movimento Vozes do Silêncio, desde 2019, após a posse de Bolsonaro, que é defensor da Ditadura que tem torturadores cruéis, como Coronel Ustra, como ídolos, além de desprezo pelos mortos e torturados da terrível ditadura brasileira. A enorme adesão em 2019, foi interrompida pela pandemia, em 2020 e 2021, sendo retomada hoje, com uma caminhada cheia de simbolismo.
Um evento com discursos e show na Praça da Paz, no Parque do Ibirapuera, com vítimas, familiares, entidades de Direitos Humanos, além das vítimas da Pandemia e das tragédias mais recentes e artistas que apoiam essa importante iniciativa de memória e luta.
Um fim de tarde chuvoso, frio, mesmo assim um grande número de pessoas estiveram ali, não arredaram o pé, depois ainda tiveram disposição de caminha sob chuva até o monumento em memória das vítimas da ditadura. A emoção dos depoimentos sobre a violência do Estado no passado e no presente, contagiou a todos os presentes e serviu para aquecer do frio.
O Sindicato dos Advogados de São Paulo (SASP), se fez presente através da sua Comissão de Direitos Humanos, para apoiar e participar da caminhada do silêncio, cumprindo assim sua missão de se fazer presente em todas as lutas pela Democracia e em defesa dos Direitos Humanos.
A luta é pela memória das vítimas e para que a Democracia não seja mais uma vez derrotada, que a violência estatal seja contida.