Arnobio Rocha Reflexões Dos Defeitos – Não conviver com os que ofendem.

Dos Defeitos – Não conviver com os que ofendem.


Nas ruas da vida e das lutas (foto da foto- jornalista Alice Vergueiro)

Carrego comigo alguns, melhor dizendo, vários defeitos de minha personalidade, dentre eles, a incapacidade de olhar nos olhos, sentar à mesa, de alguém que me tenha feito mal deliberadamente. Alguém que tenha privado de minha amizade, respeito, partilhado questões pessoais, políticas e/ou profissionais, por  alguma razão sua, venha a me ofender, naquilo que parece mais tolo (hoje em dia), a minha honra.

Simplesmente não consigo, é um limite pessoal meu, admiro quem consegue passar em frente, seguir, ou nem lembrar, como se não tivesse acontecido, ou lidar (fingir não lembrar?) com situações assim, conversar e até dividir um almoço, jantar, participar de um grupo político (pode ser literário) com que lhe maculou, sem nenhuma razão ou explicação razoável.

É claro que isso, no tipo de sociedade em que vivemos, é um “problema”, um grave defeito, algo que muitas vezes é visto como uma vaidade pessoal, que seja rancoroso, incapaz de virar a página, essas coisas, que a auto ajuda tanto ensina, como nos tornar cínicos ou sermos insensíveis com a nossa própria personalidade.

Em regra geral tento agregar as pessoas, juntá-las, convencê-las a lutarem juntos e juntas, pelo que acreditamos coletivamente. Convivo com as pessoas mais variada possíveis, sem nenhum tipo de julgamento moral sobre o que fazem ou deixam de fazer. Procuro ser paciente e tolerante, debater longamente, ouvir, acolher, oferecer uma ideia. Jamais procurei tirar proveito de ninguém ou de situações.

Por essas características, mesmo sendo extremamente crítico comigo mesmo, dói muito uma ruptura, um afastamento, um mal entendido, procuro contornar, exceto quando efetivamente o outro lado parte para difamação, desqualificação, então fica difícil uma outra convivência próxima, nem se trata de perdão, pois não somos superiores a ninguém, que se exija gestos que não nos caberia.

A dignidade humana, o preceito fundamental dos Direitos Humanos, começa com o tratamento digno e leal ao outro, sem isso, nada funciona, pelo menos pra mim, são meus limites.

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