Arnobio Rocha Diário de Redenção Uma Vida Interrompida, uma promessa não cumprida.

1800: Uma Vida Interrompida, uma promessa não cumprida.


A charmosa Letícia rumo à faculdade de Odontologia da USP.

A Letícia amava com todas as suas forças a USP, a Faculdade de Odontologia, aquele mundo que ela se apaixonou perdidamente, não perdia uma aula e uma oportunidade de ir para lá, mesmo nos dias em que ela fazia quimioterapias ou tinha líquor, fazia questão de comparecer.

Ela sabia como foi difícil, quase impossível entrar, pelo que passou, menos de um ano antes do vestibular.

Em 24 de janeiro de 2015, nada indicava que seria a prévia de uma mudança na vida da Letícia. Voltamos de Fortaleza, ela ansiosa para iniciar as aulas do seu terceiro ano, que começaria dia 26.

Na madrugada do dia 25, ela começou a chorar aos berros por dores terríveis e lancinantes, acordei pensando que era um pesadelo. Depois de 2 anos e dois meses, da “cura”, a leucemia parecia voltar.

As dores só acalmaram lá pelas 11 da manhã sob efeitos da morfina e tramal. A pedido dela, a internação foi adiada para terça, pelo menos para que assistisse a primeira aula do terceiro ano.

Dias após essa crise, a Dra Tet me avisa de que a depender do desenvolvimento da recidiva da leucemia, me preparasse para o óbito. Que teria que passar por várias induções, pelos próximos meses, a última.coisa a se preocupar era com escola e vestibular.

Foram 5 meses difíceis, entretanto, sem nenhuma intercorrencia grave, Letícia venceu 4 induções, processo de “zerar a medula”, para saber se ela sobreviveria a um segundo tratamento.

Em julho de 2015, ela foi considerada apta a continuar a lutar pela cura por mais dois anos, vida “normal”, com internações semanais para quimioterapias, poderi voltar a escola em agosto, com todos os cuidados.

O tempo era curto, Letícia entre aulas, quimioterapias e muito estudo, chegou à prova da Fuvest, objetiva, decidiu por odontologia na USP. Passou na primeira fase, muita tensão n segunda fase, choros e incertezas, até o dia especial de ver seu nome na lista de aprovados.

Lembro de cada dia em que fui levar para matrícula, a recepção dos bichos, o orgulho de vestir o agasalho da Odonto- USP, uma vitória inacreditável e improvável, há menos de um ano, em que fora “condenada”, a nem viver.

Foram três anos incríveis, o dia a dia em que ia de carro com ela, para pegar experiência, até a autonomia de ir sozinha, meu receio diário, mas sem medo, ela foi aprendendo e ia para USP, dava carona aos amigos e amigas, nos dias de quimioterapia, ia ao hospital, depois para faculdade, uma gigante.

Ano a ano, mais firme e decidida, amava o curso, a faculdade, tinha gana de ir para aula, dedicada, vencia semestre a semestre.

8Até o desfecho da volta da doença e a morte em uma semana. Estava aprovada para ir ao 4° ano, uma vida ceifada, um sonho interrompido.

Essa semana sua turma está completando o ciclo da faculdade, aqueles garotos e garotas, agora são dentista. Muito feliz por todos eles, lindos, serão grandes profissionais com certeza.

Vem aquela sensação de dor, por que ela não teve essa chance?

Uma pena…

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