646: Travessia

 

 

Parece que ficar angustiado já não resolve, uma série de sentimentos vão se misturando, que um só não é capaz de dar vazão. As demandas da vida, tanto privada, quanto pública, vão ganhando corpo e dimensões desproporcionais às minhas forças. Tenho procurado escolher como não me machucar mais, manter um foco mínimo naquilo que é mais urgente e vital. Sinto que as coisas não se resolverão apenas com mais angustia ou dor.

As reflexões que tenho feito, aqui compartilhada, nestes últimos dois anos e meio, são tentativas de manter uma certa sanidade, um estado de humor que permita continuar a viver com dignidade e com inteligência. Procurei me envolver de forma mais leve em determinados processos da vida, como a atuação militante, para evitar mais pancadas e ao mesmo tempo exercitar outras formas de colaboração, talvez até mais útil, do que simplesmente mergulhar de cabeça em projetos e ações que sei que não se decidirão numa eleição.

Há momentos em que este aparente distanciamento não consegue isolar ou diminuir a revolta que sinto, a amargura se faz presente, refletida numa melancolia danada, vontade de fazer algo mais, mas não posso, ou melhor não devo. A hora não é esta, melhor esperar um pouco, segurar o momento, acreditando que algo mais virá, mesmo sendo difícil me manter quieto, mas tem que ser assim, será.

Melhor, por enquanto, é escrever, escrever, desabafar, produzir, oferecer uma mensagem positiva e continuar a manter acesa das mudanças. De vez em quando soltar o grito (As Longas Noites…) para não pirar.

 

BJORK – “TRAVESSIA” de Milton Nascimento

 

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