447: #VaiCorinthians

 

Danilo, a frieza que espanta – foto de Leandro Moraes/UOL

 

O fato de ser corinthiano explica alguns sofrimentos atrozes, como ficar na fila por 23 anos(ano que conheci o timão, contei aqui Quando Nasce uma Paixão?) lá dizia como se deu o meu encontro com o mais intenso e eterno amor:

“tinha 8 anos e morava em Bela Cruz, nos confins do Ceará e numa noite,13 de Outubro de 1977, vi uma aglomeração reunida em frente a pequena TV preto e branco, da praça pública, disputando espaço homens e mulheres simples naquela aparelho que emitia  algo que parecia imagem em meio a chiados e lista pretas. Era inaudível e pouco se via, mas aquele povo lá, tenso tentando ver e ouvir algo despertou minha curiosidade

Era muito pequeno não entendia nada do que acontecia, o certo é que lá pelas tantas a praça irrompeu-se em uma alegria que nunca vira na minha pouca idade, gente se abraçando gritando, foguetes estourando naquele povoado simples e os mais gaiatos ligando os motores de jipes e fusquinhas saíram em carreata. Ali nasceu meu maior amor da vida, nem sabia bem os porquês de tudo aquilo, mas aquela paixão me invadiu e fui batizado pela religião, fé e coragem algo tão abstrato como concreto chamado: Corinthians”.

Quando já adolescente, fazia movimento estudantil, final da ditadura, aquela minha paixão foi motivo de grande orgulho, Corinthians e Democracia, um time espetacular, cheio de significados, Liderado por Sócrates, o genial Doutor, mas que também tinha o rebelde Casagrande, o politizado Wladimir, com outros craques como Zenon e Paulinho, o raçudo Biro-Biro(para nós, maior que Maradona), aqui descrito, Sócrates e a Democracia Corinthiana:

Sócrates, Vladimir, Zenon, e o jovem Casagrande, eram os maiores expoentes da Democracia Corinthiana, fruto das célebres greves do ABC, movimento pela anistia, o país começava a respirar novos ares pelas liberdades e um dos maiores times de massa, no estado mais rico do país entra em plena sintonia com este momento, as célebres mensagens nas camisas, ou faixas carregadas na entrada ao gramado pedindo, por exemplo, Diretas já ou Eu quero votar para Presidente, ou ainda o lema do time: “Ganhar ou perder, mas sempre com Democracia” foi revolucionário demais.

Depois da fila, as gozações era que este time era “paulista”, mesmo com imensa torcida espalhada pelo Brasil, que não sabia o que era ter glórias nacionais. De repente apareceu um time mediano, mas extremamente unido, solidário ao único fora de série, Neto, já naquela época lutando contra a balança. Em 1990, finalmente, ele rompeu a fronteira e foi campeão, um time improvável, mas de meio a zero em meio a zero, venceu, consagrado Neto, como ídolo. Escrevi assim: Neto x Ronaldo: Obrigado “Gordinhos” : “Neto foi o artífice do Primeiro título nacional do Corinthians em 1990, ele fez de tudo, os vídeos abaixo mostram as duas partidas contra Atlético MG e a Semi contra o Bahia. Sem dúvida Neto foi esplendoroso, marcou nos dois jogos, bateu muitas faltas perigosas, deu passes, liderou todo aquele time que tinha ainda Ronaldo no gol”.

Os anos passaram vieram mais 3 títulos nacionais e uma queda ao inferno, ida à segunda divisão, a desmoralização maior, endividado, falido, cheio de problemas, mas o time desceu, foi à campo, sua torcida criou o lema “Nunca vou te abandonar” e subiu, na bola, sem virada de mesas, como tantos fizeram. Mas desta catábase, voltamos e com ela trouxemos um novo momento, que ficou simbolizado pela figura ímpar de Ronaldo, o fenômeno: “No momento mais delicado da história do clube, depois de ter ido para segunda divisão, uma mancha, mas que, ao contrário de outros, fomos lá e ganhamos na bola.  Ronaldo chegou e nos deu de volta o status de grande, atraiu mídia, patrocinadores e de cara ganhamos dois títulos o Paulista invicto e a copa do Brasil. E Ronaldo foi espetacular nos dois títulos os gols fabulosos contra o Santos na Vila e o outro contra o Internacional”.

Mas a vida de corinthiano, não é simples, sua saga, ainda é ouvir, que não tem passaporte, que nunca ganhou nada. Tudo verdade, mas hoje, desde ontem, estamos diante de um time que lembra 1990, o desbravador nacional, time nada extraordinário, mas extremamente Corinthians: Raça, Dedicação e Respeito. Um time que sabe de seus limites, então se entrega como onze leões, sem trégua.

Um cara destoa de tudo isto: Danilo, sua frieza, calma, espanta. Ele ontem no momento mais tenso, quando TODOS, inclusive nós, achávamos que o filme ia se repetir, recebeu uma bola na área, frente a frente com o goleiro,simplesmente dominou e jogou para o fundo do gol, quase como um gesto banal. Foi o lance mais anti-Corinthians, que eu lembre em todos estes anos.

Verdade, não ganhamos nada, mas, ir à final, é um passo histórico. #VaiCorinthias

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

0 thoughts on “447: #VaiCorinthians

  1. Bacana sua lembrança de 77 e lembro bem. Eu morava na Vila Sto Estevam, relativamente perto do Pq São Jorge. Foi uma festa memorável na rua, mas eu já era sãopaulino convicto, fruto do título de 75, que tinha no time ninguém menos que Pedro Rocha, Muricy e Serginho.

    Mas vontando ao assunto…

    Que ironia… justo o Danilo, que “aprendeu” tudo no São Paulo, leva o Corinthians pra final. Vai Danilo “traidor”. -rs

    E por causa do Danilo, vou torcer pro Corinthians contra o Boca. Vou dar minha força pra “nação corinthiana”.

    Conta com a minha torcida Arnóbio!

    Vai curintia!-rs

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