258: Crise 2.0: Quem manda no FED e BCE?

 

 

 

Analisamos a Crise 2.0 sob diversos aspectos, já são 100 artigos tratando do tema desde junho de 2011, começamos levantando alguns aspectos gerais da Crise, uma visão geral da Economia Mundial, calcada num retrospecto histórico, feita num artigo anterior à série Abril de 2011 ( Crise Mundial e Mundo Novo ). Em linha gerais foi a primeira vez que localizei no mundo os focos da crise e seu contraponto, os BRICS.

 

O artigo tinha como centro a questão da explosão das dívidas públicas, aspecto mais visível da Crise, que inclusive levou paulatinamente os PIIGS à bancarrota:

“Ora, estamos vivendo um novo momento da crise iniciada em Setembro de 2008, mais precisamente a apresentação da conta salgada do resgate dos bancos e corporações feitas pelos planos de Bush I e II, e os três ajustes de Obama nos Estados Unidos. Apenas Bush injetou no sistema bancário americano combalido cerca de 1,5 Trilhões de Dólares que foi reforçado por Obama ainda na transição e nos seguidos ajustes de 2009, 2010 e o último agora de 2011.

Na Europa, na Zona do Euro – França, Alemanha e Inglaterra – também participaram do “salvamento” do sistema bancário mundial, numa cota menor, mas não menos significativa, algo como 1 Trilhão de Euros. O Japão vem ano a ano num processo crescente de endividamento público, agravado com a crise de 2008, também pagou sua cota com 800 bilhões.

A dívida pública que havia fechado 2007 em 26 trilhões, algo próximo a 47% do PIB mundial explodiu em menos de 3 anos para 42 Trilhões, apenas neste trio: EUA/ EU e Japão. Chegando assim a 61% da produção de riqueza anual de todos os países do planeta”. ( Arnobio Rocha – Crise Mundial e Mundo Novo 25/04/2011)

 

Agora depois de todos os acontecimentos e eventos de 2011 é fácil entender a lógica perversa que se seguiu, mas nós sempre temos que buscar algo mais nos números e nas políticas aplicadas, que seja nos EUA , que seja na UE. Ontem houve um ríspido dialogo entre Ben Bernanke  e Mario Draghi, acerca da emissão de títulos ( expansão monetária – Crise 2.0: Tsunami Monetária ). Ambos Presidentes do FED e BCE discutiram sobre a ação de seus bancos, o que me parece apenas um jogo de cena.

Segundo Estadão “um representante de um mercado emergente revelou que a troca de acusações, ainda que diplomáticas, escancarou a inexistência de uma estratégia comum para lidar com a crise. “Hoje, está claro que é cada um por si e que as esperanças de uma coordenação são cada vez mais apenas promessas políticas”, disse a autoridade monetária. “Hoje, existe uma crise da gestão da crise. Isso é ainda pior que só uma recessão. Não há um caminho para superá-la de forma coordenada.” (Estadão , 06/05/2012).

 

Para melhor entendimento desta troca de gentilezas, continuemos ouvindo os relatos do Estadão e a conclusão mais que interessante da fonte dele:

“Em 2010, o governo americano havia liberado mais de US$ 1 trilhão, e foi acusado de promover uma desvalorização competitiva, auxiliando nos esforços de ampliar as exportações e reduzir o déficit. O Fed, na época, recusou a acusação e insistiu que apenas estava garantindo que os empréstimos de seus bancos à economia real relançassem a economia do país, dizendo que isso seria positivo para todos.

Agora, é Bernanke quem critica o BCE por ter, em apenas dois meses, injetado 1 trilhão, afetando o mercado de câmbio. A acusação foi rejeitada por Draghi, que defendeu a ação apontando que a perspectiva de recessão na Europa em 2012 exigiria novo incentivo. Draghi recebeu críticas também do Banco do Japão, temendo ver sua moeda afetada tanto pela ação dos europeus quanto dos EUA. “Ficou claro que o que existe é uma corrida de cada um para resguardar suas economias e interesses”, disse a fonte”.

 

Os Golden Boys by Sachs

 

Aqui é o cerne da questão, ambos os lados do Atlântico correm para proteger suas economias, a despeito que, assim agindo, criem mais instabilidade para o resto do mundo.Mas em nome de  que interesses falam? A julgar pela origem de quem manda na economia dos EUA, desde os anos Reagan, estaremos falando do Goldman Sachs e seus homens que dominam o Governo dos EUA. Mas não satisfeitos nomeiam e manobram também a UE, o próprio Draghi é um ex-funcionário do Goldman Sachs.

 

Aprofundam-se as contradições entre os interesses privados, dos que dominam os BCs(FED, BCE) versus Governos, eleitos ou não, com população experimentando privações nunca vista, tanto nos EUA com 47 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e recebendo a bolsa família (Food Stamps), como também na Europa com países inteiros falidos com amplo desemprego e desagregação social.

 

A crise de superprodução de Capital tem este dom, o de tornar nu as mazelas e limites do capital, sua ampla base produtiva é destruída( queima de forças produtivas) para que haja a recuperação das taxas de lucro, fim último do desejo capitalista. As políticas de emissão de moedas, bolhas especulativas atendem as estes interesses, mesmo que em choque terrível com as condições de vida e reprodução do povo.

 

 

 

 

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

0 thoughts on “258: Crise 2.0: Quem manda no FED e BCE?

  1. A superprodução do capital, a priori, não deveria destruir sua base produtiva. Isso acontece porque não há políticas públicas eficientes voltadas para o social. O trabalhador precisa de boas leis trabalhistas, sistema de saúde, moradia digna e lazer. Se esses condições são desprezadas, com certeza o mercado ficará desacreditado. Não lamento a crise que foi instalada. Ela é necessária para a reavaliação da gestão.

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