(Angeli)
A Espanha várias vezes comentada aqui na série Crise 2.0 , ver links abaixo
- Crise 2.0: Direita,Volver!!;
- Crise 2.0:”ambiciosas e surpreendentes”;
- Crise 2.0: Uma realeza decadente
- Crise 2.0: Privatizadores, agora privatizados;
- Crise 2.0: A desarmada espanhola
Despachou seu Ministro da Economia, Luis Guindos ( ex-Presidente do Lehaman Brothers e FMI) para Bruxelas e depois para Davos com o objetivo, segundo El País, de vender a marca “Espanha”. O momento não podia ser mais constrangedor para estas apresentações:
“Guindos apareceu em Davos para vender a marca “Espanha” em mais um dia de chumbo, o dos 5,3 milhões de desempregados, uma taxa de desemprego que é praticamente um recorde mundial”. (El País, 31/01)
Lendo o texto lembrei de antigos personagens do cartunista Angeli, os “Skrotinhos” , eles sempre repetiam bordões para constranger com quem dialogavam, ou melhor sacaneavam. Pois eis que que Guindos faz o mesmo, leiam as pérolas:
“O compromisso da Espanha com a austeridade é total“, foi a frase que mais se escutou Guindos dizer em suas manifestações. Muito perto dela, “o compromisso da Espanha com a redução do desemprego é total“
Tudo para Guindos é Total, inclusive a reforma trabalhista e bancária, como diz uma fonte do jornal El País :
“A ideia é fazer política de oferta: o mandato dos eleitores passa por aprovar uma reforma trabalhista dura ou muito dura, e quanto aos bancos, uma nova reforma financeira sem pôr dinheiro público”
E a repetição, como mantra ou à lá Skrotinhos:
“A Espanha tem alguma opção que não seja a austeridade neste momento? Nenhuma. A Espanha tem de fazer seus deveres, lançar sinais claros ao mercado, cortar e reformar tudo o que for necessário, demonstrar que é um país sério para recuperar a credibilidade perdida. Só assim voltará a confiança”.
O outro par, o Ministro da Fazenda repete:
“Todas as comunidades autônomas deverão apresentar equilíbrio ou superávit orçamentário”, anunciou o ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro.
O Ministro vendeu a si mesmo, sua imagem, mas não a do seu país. A série de reuniões com Ministro da finanças Alemã Wolfgang Schäuble, o francês, François Baroin, e o comissário de Assuntos Econômicos, Olli Rehn. A sua primeira reunião em Davos foi Christine Lagarde, a diretora-gerente do FMI.
Um país que continua a cair pelas tabelas, a cada revisão das agências de riscos mais queda, na Última da S&P e Fitch desceu dois degraus, assim como Itália. Mesmo assim manda um Ministro apenas repetir obviedades e prometer mais castigo ao povo espanhol como forma de demonstrar “compromisso” com a austeridade, eis a profunda tragédia espanhola.
Venalidade e economia.
Muita venalidade pouca economia….esse neoliberalismo
Bem lembrados os personagens do Angeli. Se bem que são scrotões, essa canalha comprada e vendida…
Como disse um notável comentador político português (Henrique Medina Carreira), a mudança não virá com discursos e palavras avulsas, falta é saber mesmo o que deve ser feito e se o que está a ser feito o é para melhor – “andam todos às baratas”, disparando de olhos vendados a ver se acertam na mouche. http://youtu.be/z_RZfmfhVUk + http://youtu.be/JzczELhLEqI
Obrigado pela partilha Arnobio, Abraço e bem-haja
Imagem trágica que me veio à lembrança é a daquele motorneiro do bondinho de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, ano passado: veículo cheio de passageiros despencando ladeira abaixo, freios não reagiam, e … fazer o quê? A diferença é que o motorneiro era empregado da empresa de bondinhos e seu destino final era o mesmo dos passageiros, não a salvaguarda da irresponsabilidade da empresa e do governo que fornecia os serviços. Alguém sabe como parar o trem em movimento? Dá tempo de parar pra pensar e mudar de rumos? Quem deve pensar?