2637: Negacionismo, um estado anímico sórdido, cínico e letal!

A Negação da existência de uma vida inteligente e humana!

“Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.” (Nelson Rodrigues)

A NEGAÇÃO da realidade, uma espécie de não aceitação do que se percebe e é sensível, do que lê ou se ouve. É um fenômeno que fez o mundo piorar muito, nos mais variados campos, mas na Política ele se torna explosivo e letal, porque abrange uma gama de ideias e de comportamentos (negativos) que postos em movimento transformam (para pior) todo o cenário da existência e convivência humana, dá azo para teorias de conspirações que não se sustentaria por minutos, exceto no estado de NEGAÇÃO.

Ao contrário do que possa imaginar, a Negação, não é sinônimo baixa instrução (formal) educacional, ou de que são as pessoas de camadas mais pobres da população em sua maioria. O fenômeno atinge com maior peso as classes médias e altas, com grau de escolaridade maiores, parte inclusive de uma certa “elite” intelectual, que nega o mundo que não lhe convém e embarcam em teses que não fazem o menor sentido, não se resumido a “terra plana”, é algo mais danoso, porque, em tese, dão sustentação e certa validade por ser vocalizada por grupos com formações superiores, validando às suas viagens (lisérgicas).

Nesse sentido, a Internet (as redes sociais em particular) veio para consolidar uma visão NEGATIVA do mundo moderno, sem utopia, fim das ideologias e disputas mundiais (visíveis ou não), aliás, o medo é o vetor central desse comportamento que passa a ver a “modernidade” como inimiga e que ela fecha os espaços, ou não garanta “status quo” para os bem-nascidos, de que a meritocracia se quebre diante das mutações e velocidade destas mudanças, muitas delas incompreensíveis, ou que fazem parte de um plano nefasto de dominação que os excluirá (até pode ser, mas não nesse sentido próprio).

Disso explode o ACHISMO, que é o irmão gêmeo da Negação.

Ora, se negamos tudo, vale qualquer “opinião” como valor e como critério da verdade, ainda que sem nenhuma base científica, experimentação e nem mesmo como fruto de conhecimento humano no tempo e na história. Isso, em parte, é o que explica que alguém como o  Olavo de Carvalho, astrólogo pernóstico e de linguajar escatológico, tenha feito a “cabeça” de tanta gente, em particular da classe média e alta, muitos com longos anos de academia, estudos e títulos (o que nos parece ainda mais trágico), uma espécie de captura à caricatura, como se o cinismo, as palavras de baixo calão contra tudo e contra todos, virasse a autoridade moral.

A famosa frase de Umberto Eco sobre a internet e redes sociais reverbera ainda hoje, passados 10 anos, justamente pelo seu caráter premonitório do que estava por vir (e veio), recordemos:

“As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade. Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis.”

A coisa piorou sensivelmente nesses 10 anos, porque além da autoridade nessa ágora virtual, ganharam títulos esnobes de influencers, youtubers, coachs, legendários, entre outras coisas, ganham fábulas em monetização da idiotia de forma generalizada, reforçando o aspecto essencial da NEGAÇÃO, o seu caráter alienante, que reforça o desprezo por todas as atividades sociais e coletiva, do que pode representar um mundo igual e fraterno.

Dessa geração da NEGAÇÃO surgiram os novos Políticos e dirigentes do Estado, eles vieram negando o SISTEMA (leia-se: Política, a Democracia), mas trabalhando justamente para tornar o sistema perene, mais injusto e autoritário, para justificar o seu próprio discurso. Esses políticos usaram dessa lógica (a Negação) para ignorar a Pandemia e foram responsáveis diretamente pela maior mortandade do que seria sem a negação da ciência, das vacinas, da medicina (inclusive médicos ajudaram fortemente essa negação), da saúde pública, da necessidade vital do isolamento social nos piores momentos.

Um novo momento desse estado trágico é NEGAR que houve a Pandemia, inclusive os milhões de mortos, das famílias dilaceradas (muitas delas acreditam que foi obra divina) pelas perdas de entes queridos. Há uma verdadeira ação para simplesmente apagar as (ir) responsabilidades pelos fatos, no Brasil oficialmente 715 mil mortos, como se não tivessem existidos, alguns desses agentes públicos viraram deputados, senadores, governadores, quase Bolsonaro foi reeleito, o que parece absolutamente inexplicável, como houve esse esquecimento tão rápido, arriscamos dizer que isso é resultado do estado de NEGAÇÃO, sem embargos.

A NEGAÇÃO se constituiu como Ideologia, das mais difíceis de serem combatidas, principalmente porque se tenta usar como antídoto, a  RAZÃO, o que, em parte, se perdeu ou foi tragada pela internet, o maior consumidor de neurônios e sinapses.

É trágico!

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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