O Corinthians estava completamente derrotado nos campeonatos que disputava, amargava a zona de rebaixamento, virou motivo de chacota e piadas, Crise interminável, brigas internas, entre atuais dirigentes, também em face de outros ex-dirigentes, atolados em dívidas bilionárias pelas más gestões, especialmente pelas dívidas da belíssima arena, talvez o único orgulho do torcedor, que mesmo nessa “draga” bate recorde de presença e a arena se tornou o ponto mais visitado da cidade São Paulo.
No meio do caos, os dirigentes resolveram trazer Memphis Depay, um holandês de 30 anos que jogou em grandes clubes europeu, mesmo reconhecido como ótimo jogador, não se firmava e sofreu nos últimos anos com seguidas contusões, mas tinha mercado na Europa, para surpresa geral, o Corinthians anunciou um acordo milionário com ele, parecia mais uma loucura, uma golpe de marketing, uma irresponsabilidade, esportivamente, uma enorme incógnita.
Depay chegou chegando, mostrando caráter, seriedade e compromisso fora do comum, nenhum tipo de vaidade e começou rapidamente uma identidade com a torcida, se comunicando com gestos e ações, falando sobre racismo, conhecimento sobre a importância do negros no futebol, quis conhecer a história do Corinthians, no campo ainda fora de forma, não se escondeu para jogar, e logo entrou em melhor forma e passou a ser peça fundamental ao clube, o ambiente mudou, se entrosou com Rodrigo Garro, o craque do time, deu muitas opções ao desacreditado Yuri Alberto que cresceu enormemente.
Para mais além do futebol, esse cidadão Holandês demonstrou que é completamente diferente dos jogadores famosos, brancos ou negros, brasileiros ou estrangeiros. O cara vai andar pelas quebradas, periferias, bairros pobres, se mistura, um comportamento humano, de respeito às pessoas, nada de estrelismo. Para uma torcida de massa, dos mais pobres, excluídos, é uma identidade que poucas vezes vi no Corinthians, talvez Tevez, teve esse apelo, Ronaldo tecnicamente, é algo extraordinário, sem dúvida.
Essas visitas a lugares incomuns, uma lanchonete popular em São Bernardo do Campo, como uma pessoa comum. Nessa última segunda, 11.11, depois de ser um dos protagonistas do jogo que deu alívio à torcida, fazendo o gol da vitória contra o Vitória da Bahia, Memphis, foi cortar o cabelo no Jardim Santa Cristina, em Santo André, uma multidão soube e foi lá, ele não se incomodou, andou entre as pessoas, fotos e sorrisos, algo fenomenal.
Memphis tem se mostrado alguém especial, bom futebol, entrosamento com os jogadores, deu mais personalidade ao time e tem uma relação fora do comum com a torcida mais do que fanática, pois há uma máxima, que todos times têm torcida, no Corinthians é o inverso, é uma torcida que tem um clube, uma fé, uma religião, um amor que não tem fim, nos piores momentos nunca se abandona, os números do campeonato horroroso desse ano, a Arena está lotado, o time maltratando a torcida, uma quase masoquismo, ou seria a extrema demonstração de amor?
O certo é que Memphis, o argentino Garro, dão outro patamar, a dedicação, a entrega deles faz a torcida perdoar os perebas, pois esses se agigantam com esses dois grandes jogadores, mais ainda pela postura deles, algo incomum no futebol brasileiro.
#VaiCorinthians!