Grêmio Livre Montenegro de Lima recebe Patativa do Assaré, 05.11.1987.
Na metade dos anos de 1980, a mais importante Escola secundarista do Ceará, a Escola Técnica Federal do Ceará (ETFCE), gestou uma geração de grandes lideranças estudantis e fez história para muito além do movimento estudantil, que ressurgia com a agonia final da Ditadura militar.
A ETFCE era referência de educação de qualidade para cidade, a escola pública secundarista mais importante do estado, para ela concorria alunos de todas as escolas, para as poucas vagas, conseguir passar no vestibulinho era motivo de orgulho dos pais, pois ali se garantia um ótimo segundo grau e de quebra um excelente curso técnico, sinônimo de emprego e um começo de vida mais sólido no mercado de trabalho.
A reconstrução do movimento estudantil em Fortaleza, com a refundação da União Metropolitana do Estudantes Secundaristas (UMES), cuja primeira presidente, Kátia Arruda, hoje Ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), cotada para o STF, recentemente.
A ETFCE colaborou com a reconstrução da UMES e o ressurgimento do Movimento Estudantil em Fortaleza, essa participação foi crescendo ano a ano, naquela década. Fundamos um comissão pró-grêmio livre, mas ” taticamente” o PC do B aceitava participar do “centro cívico” uma invenção da ditadura. Esta realidade perdurou por mais de dois anos, quando finalmente, já mais maduro dirigimos a assembleia que acabou com o centro cívico e refundou o Grêmio Livre, que denominamos de José Montenegro de Lima, o último presidente da entidade antes de ser fechado pela ditadura, depois foi preso e morto.
Nossa geração, a da reconstrução do Grêmio Livre, foi exitosa na ETFCE e fora dela, essa foto é de um evento cultural com o grande Patativa do Assaré, esse acontecimento foi encabeçado pelo Bartolomeu da Costa (o artista, já falecido, B. da Costa), Machado e pelo poeta Dedé de Souza.
Nessa foto, 05 de novembro de 1987, há um recorte de parte dessa geração, Salmito, Edvaldo, Gilberto, B. da Costa, Machado e Eu (para quem não acredita que tinha grade cabeleira). Geração que hoje tem juízes, promotores, PHDs, professores da própria ETFCE, hoje, IFCE, alguns são políticos, líderes em tantas áreas, artistas, intelectuais.
Fizemos parte de uma bela história da nossa mítica escola, de Fortaleza, participamos de muitas lutas, compartilhamos sonhos e utopia e mesmo passados 37 anos, a maioria e nós continua com o ideário de Esquerda, de luta pela liberdade humana, fim da miséria, fome e toda exploração
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Muitas boas lembranças desse época.
Foi um período de muito aprendizado técnico e das questões sociais.
Muito importante para todos essa geração.
Foi na Escola Técnica Federal do Ceará que comecei a ter consciência política, de justiça social, a tomar gosto por ideias de defesa das minorias. Eu amava as incursões do Grêmio Livre nas salas de aula. Nem a Universidade foi tão marcante na minha vida como a Escola. Amigues que jamais passaram nem passarão!