Arnobio Rocha Estado Gotham City O novo Estado de Exceção é a negação do saber?

2387: O novo Estado de Exceção é a negação do saber?


Imperdível entrevista do jurista Pedro Serrano ao Reconversa.

O Reconversa, um podcast do advogado Walfrido Warde e do jornalista Reinaldo Azevedo, é um dos mais interessantes, nesse segmento informativo, provocativo e de discussão sobre o Brasil, com personagens de várias matizes políticas e ideológica, mas sempre com um nível elevado de debate, pela alta qualidade dos entrevistadores, que puxam o melhor dos entrevistados.

Há programas espetaculares, como o com Miguel Nicolelis, José Dirceu, Amoedo, Padilha e o último, com o jurista Pedro Serrano, inspirado, mesmo com a pressão da conjuntura, ele soube trazer profundas reflexões filosóficas de mais longo fôlego, conceitos sobre ditaduras, estado de exceção, no passado e como ele se impõe de forma nova, mantendo sua essência conceitual.

No grupo Prerrô, em que participamos, fiz esse pequeno apanhado, ao professor Pedro Serrano sobre as razões do estado de exceção atualizado:

“Na sua belíssima entrevista, no Reconversa, imperdíve (link abaixo), há um trecho em que você lembra das ditaduras do século XX e que elas “Declaravam”, se apresentam, traz seu contexto, enquanto que a nova onda de Exceção, nada diz e tudo destrói, corrói.

É uma retórica, uma indagação, um questionamento sobre o significado, se bem entendi.

O que objeto é que hoje não se declara, por uma questão bem clara: o desprezo ao saber. Ao conhecimento, ao fio condutor da história, do que é civilizatório.

O que nós (vocês) temos (têm) de apreço pelo conhecimento, pela ciência, filosofia, história, nossas declarações de apreço pelas instituições, academias, títulos, pensamentos, liberdade de ideias, isso tudo não tem valor (para eles, o ultraliberalismo), nada, para rles não merecemos uma declaração, ao menos, ao que justifique.

A negação da inteligência, da intelectualidade é a marca de uma época de ruptura estúpida. O nazismo, o fascismo tinham uma estética, uma construção de sociedade, uma visão de mundo. O stalinismo também tinha, um ideal de homem/humanidade.

O que temos com Trump, Bolsonaro, Milei? Nada, não ideia de sociedade, de civilização.

Tem declaração mais arrumada que esta, Pedro?

“Antes de mim coisa alguma foi criada
exceto coisas eternas, e eterno eu duro
Deixai toda esperança, vós que entrais!”
(Inferno, Canto III, A Divina Comédia – Dante Alighieri).

PS: Veja, a substituição do Catolicismo, pelos neopentecostais (Catolicismo JPII e os neoevangélicos de seitas) tem a mesma raiz, a baixa formação e conhecimento bíblico, reduzindo os livros, as contradições e belezas, à meros versículos, salmos, sem a dimensão de uma cultura milenar.”

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