2327: Massa na cabeça, a Argentina respira por aparelhos!

Massa x Milei, um alívio no meio do caos prometido.

]A sensação desse fim de noite é de certo alívio, as projeções indicavam uma derrota acachapante do governo e a possibilidade de um segundo turno entre a Direita e a Extrema-Direita, alguns previam até a vitória direta do extremista Milei, já no primeiro turno.

A economia da Argentina vai mal e mal, inflação acima de 100%, que provoca um aumento da pobreza e o empobrecimento da classe média, mais baixa. O fenômeno de dolarização informal cria dois mundos, os que têm dólares e os que vivem de pesos desvalorizados, quase virando pó. Esse descontrole de preços e de desvalorização da moeda local se tornou mais visível no pós pandemia.

A pandemia mascarou por um tempo as divergências no comando do governo e da economia, o Presidente Alberto Fernadez e a Vice-Presidenta (ex-Presidenta e carismática liderança) Cristina Kchiner. A disputa acirrada complicou o caminho, Sergio Massa, que era Presidente da Câmara, foi guindado ao Ministério da Economia em 2022, logo a seguir, o candidato do governo à presidência.

O macrismo, a opisição de centro-direita, teve a ex-ministra da Segurança da Argentina durante o governo de Mauricio Macri, Patricia Bullrich, como candidata, ela venceu o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, nas primárias eleitorais do país em agosto e foi escolhida para disputar a Presidência pela coligação Juntos por el Cambio. Trouxe consigo o desgaste do governo Macri, mas também, a polarização da extrema-direita que tirou o discurso do centro e da direita.

A extrema-direita deixou de ser caricata, na quantidade de votos, mas não no candidato, um bufão fascitóide que se tornou favorito, quando surpreendeu o mundo ao vencer as primárias em agosto e passou a assombrar o planeta com suas posições esdrúxulas. Javier Milei, é o candidato à Presidência da Argentina do La Libertad Avanza, acabou sendo mais votado das eleições primárias. Suas principais propostas de campanha mambembe, populista, são a dolarização da economia argentina, a entrega da economia à iniciativa privada com provatizações e promessa de acabar com o Banco Central, atacou o Brasil e a China, justamente os maiores parceiros da Argentina.

Num cenário tão adverso a mídia argentina e a brasileira torciam descaradamente por Milei, apresentando-o como franco favorito e que o Sergio Massa nem ao segundo turno iria, se tivesse, pois Milei poderia vencer já na primeira volta. Era essa a expectativa que a mídia criou nesses meses, desde as prévias de agosto, se acirrando nesses últimos 15 dias.

A posição do governo brasileiro foi sensata e de muito habilidade, ao expressar a preocupação com os rumos da Argentina, principalmente pela ameaça de vitória de Milei, um fascita, xenófobo declarado, aventureiro no pior estilo Bolsonaro. È óbvio que a situação econômica da Argentina é muito grave, mesmo com uma vitória governista, mas não será caótica, caso vença Milei.

A surpresa das urnas é a vitória por boa margem do governista Sergio Massa, contra tudo e contra todos os prognósticos, mais de 36%, com a extrema-direita de Milei com inacreditáveis 30%, um terço de um país que olhou para o abismo com toda força, o comparecimento foi 76%, número inferior à ultima eleição, 2019, mas maior que as prévias, 70%. A realidade é que o peronismo tem base nacional e força, isso garantiu a maioria com boa vantagem.

Começa uma nova batalha, de segundo turno, o debate sobre o governo, mas será um embate entre Democracia x Autoritarismo, o candidato Milei nega a história, as mortes e torturas, propõe um país sem leis sociais, defesa dos mais pobres. Entretanto é preciso unir o governo, retomar projetos e apresentar uma saída democrática para crise econômica, nesse sentido o Brasil será fundamental.

Por fim, não deixa de ser satisfatório a derrota da mídia brasileira e argentina, seus nefastos analistas ultraliberais, cegos em suas arrogâncias e desprezo pela realidade dos nossos países.

Todos e todas com Massa, contra o fascismo.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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