
“Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” (Gênesis)
Corpos (Bodies – Netflix)
E o homem criou Deus (deuses/deusas) a sua imagem e semelhança.
No princípio era o Verbo, ou seja, a narrativa, de onde tudo saiu, explica os dias da criação, terra, céu, assim vale para toda as teogonias, pela palavra se cria as belezas da terra, do céu, dos mares e do céu, mas é quando descreve a si mesmo que a humanidade se revela e necessita de um ou mais deuses para justificar-se.
Corpos, minissérie inglesa de 2023, tem uma longa lista de referências, identidades e discursão sobre a Vida, filosofia, política, estado de exceção, democracia, violência. A primeira lembrança será de O Exterminador do Futuro, depois Black Mirror, passa por Blade Runner e Frankstein, criador e criatura claro, Bíblia, Torá, Maçonaria, práticas ocultas e brincar de deus, ou seria de homens?
O mais interessante são as possibilidades de narrativas, tendo como ponto de união, quatro policiais em épocas diferentes (1890, 1941, 2023 e 2053), cada um deles vai investigar o mesmo fenômeno, com as ferramentas de cada época e com uma provocação ética, de como eles, na mesma profissão, vão enfrentar o mesmo dilema.
A construção de várias narrativas, em quatro épocas, as pistas e os indícios, as revelações de como as histórias vão se conectar, as soluções e os fios condutores, lógicas, os temas paralelos, homossexualismo, antissemitismo, islãfobia, imigração, tudo no umbigo britânico, partindo de Londres e suas instituições, nobreza, política e autoritarismo.
Elenco de primeira grandes atores e atrizes, reunidos, destaque, claro para Jacob Fortune-Lloyd, Shira Haas, Amaka Okafor, Kyle Soller, Stephen Graham.
Altíssimo nível, imperdível!