Arnobio Rocha Filmes&Músicas Selo Caetano Veloso de Qualidade

2299: Selo Caetano Veloso de Qualidade


O grande artista brasileiro, o poeta Caetano Veloso.

Nessa semana, o grande artista bahiano, de Santo Amaro, Caetano Emanuel Viana Teles Veloso completou 81 anos, com uma longeva, consagrada e brilhante carreira artística. Poeta, escritor, ensaísta, músico, cantor, ator, performático e cidadão brasileiro.

O jovem Caetano Veloso, sua irmã, a divinal, Maria Betânia, o avatar Gilberto Gil e “a voz” Gal Costa, surgiram como a renovação da música bahiana (e brasileira, por conseguinte) com o movimento chamado Tropicália, importante corte estético, político e cultural, que efetivamente ditou comportamento no final da década de 1960, e fez de Caetano um dos ícones brasileiros nesses mais de 50 anos.

As várias faces e facetas de Caetano ditando ritmo, moda, comportamento, com talento e a incrível capacidade de se reinventar, ficar em evidência, polemizar e uma obra singular, sempre acima da média, alguns momentos geniais, com criações que atravessam o tempo, sem ficarem datadas, resistindo, inclusive, à crise da indústria de discos e cultural no Brasil.

Caetano Veloso, por contradição, virou uma espécie de selo e garantia de qualidade, certificando músicos, músicas, ritmos, movimentos, como se fosse um guru, emprestando/fiando valor à produções de que gostava, ou lhe faziam gosto, para ostentar, algo assim: Peninha é outro depois que Caê lhe gravou, a carreira de uma cantora de axé decolou porque Caê lhe abençoou.

Ao mesmo tempo, na metade dos anos 90, Caetano Veloso passou a recriar clássicos, uma leitura própria (de qualidade), mas, não deixa de se notar, a criação própria diminuiu. Chico Buarque, por exemplo, foi para literatura com uma possibilidade e vazão de sua criatividade, sua música virou incidental à literatura.

A carreira de Caetano Veloso passou a viver desses repentes, polêmicas, opções políticas e culturais, nem sempre coerentes, uma espécie de esgotamento, com risco de se tornar conservador, sem dialogar com novos públicos, servindo, ou se servindo, para atestar qualidade (sob sua ótica) do que de novo vinha, ou de resgate de outros.

Por essas questões que apenas a vida pode explicar, na semana do seu aniversário, eis que surge Xande de Pilares (Xande canta Caetano), grava um conjunto de grandes músicas de Caetano, de uma leitura tão profunda e original, que acaba sendo uma espécie de Validação e põe em relevo o enorme talento de Caetano.

O disco de Xande é uma volta à Caetano, a releitura é tão impactante que parecem músicas novas, um cheiro bom, uma delicadeza e uma batida que nos tira do prumo. É o maior lançamento musical de 2023, sem medo de errar, o que nos faz nos reconciliar e amar com força Caetano Veloso.

Aqui peço perdão pelas falas jocosas e irônicas sobre ser o Caetano ser o “Goethe de Santo Amaro”, mas é fato de que ele seja um dos grande poetas do Brasil e do mundo.

Viva, Caetano!

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