Querida filha, minha Letícia,
Hoje, 20 de setembro de 2022, você faria 25 anos, um quarto de século, mudou nossas vida, desde aquele sábado cinza, que se encheu de luz quando, às 16:16, a Dra. Nara Silvestri trouxe ao mundo (externo) aquela menina e seu primeiro choro, que nos deixou tão radiantes, ávida de vida e amor, mamou desesperadamente.
Essa madrugada foi longa demais, desde às 3 chove, primeiro forte, como se o tempo chorasse sua ausência, depois a chuva fina, como as lágrimas que caem lentamente, quase não dormi, a dor e a saudade, consumiram meu sono e minhas energias, essas datas doem mais profundamente, não importando quanto tempo se passou, desde sua partida.
Há quatro anos comemoramos seu últimos aniversário juntos, nem de longe imaginávamos que seria o último, seus 21 anos, a maioridade plena. Naquele dia você estava radiante, feliz, nos despedimos cedo, sua aula na USP, para no fim do dia, uma comemoração com bolo e muitos beijos, abraços, a vida vencendo a doença, ledo engano.
Menos de dois meses depois, você se foi, pela doença maldita e por todos erros e falhas do hospital. É certo que nossas vidas nunca mais foram as mesmas, desconfio que nunca serão, Mara, Luana e Eu, vivemos essa saudade eterna, ao mesmo tempo que nosso amor aumenta, as lembranças de si, de detalhes que cada um carrega sobre suas coisas e modo de ser, sua inteligência, sabedoria e encantamento.
A vida não é justa, nem sei se acreditarei em justiça, em deuses ou diabos, apenas sei do que perdemos e sentimos, mas sei o quanto você amava viver, por sua irmã, a doce Luana, e pela sua memória, continuamos a lutar e teimar em dormir e em acordar um dia após o outro, até quando aqui ficarmos, como é certo que em ti pensaremos todos os dias enquanto tivermos consciência e vida em nós.
Com o mesmo amor sempre, beijos.
Lembro-me de Letícia em dois momentos, ambos em restaurantes.
O primeiro, um encontro de tuiteiros no Ibutirana (acho que é isso), na Augusta com Fernando Albuquerque. Em 2012, creio. Guardo dela seu sorriso meigo, suave.
O outro foi um jantar no Tubaína Bar, início da Haddock Lobo, em 2013, no dia em que fomos, pela manhã, numa cerimônia budista em memória de @senshosp. Nessa noite estava toda a família.
Ao longo do tempo tenho acompanhado seus escritos, vários deles dedicados a Letícia. Tento, apenas tento, imaginar sua dor, com a doença e com a perda. Esses escritos, saiba, sempre me comoveram.
Deixo aqui, mais uma vez, meu abraço fraterno.