O episodio da demissão do “mister” português Paulo Sousa do Flamengo criou uma das cenas mais humilhantes (constrangedoras) do futebol, e que reflete muito o (a falta de) caráter no Brasil de hoje. Enquanto Dorival Junior abandonou a delegação do Ceará e foi ao Rio de Janeiro para assinar como novo treinador do Flamengo, o português dava treino ao time em Atibaia, sem saber o que a direção do clube fazia por trás.
Imaginem o treinador português (e sua comissão técnica) no resort de Atibaia comandando um treino com os atletas, ao mesmo tempo que um novo técnico é tirado de um outro time, e saiu apressado, com a sua comissão técnica, rumo a Atibaia para “render” a outra turma. Como Dorival Jr e equipe chegaram no fim do dia em Atibaia, será que dividiram a sopa no jantar? Ocuparam os mesmo quartos da comissão técnica anterior?
Demitir o “mister”, sua comissão técnica, mudar tudo, mesmo durante o campeonato, faz parte do futebol, mas fazer o cara comandar treino, tendo contratado outro treinador, é HUMILHANTE, falta de respeito. Mas pode ser um castigo, pois, o “mister” Paulo Sousa, abandonou a seleção da Polônia em via de ir à Copa do Mundo, para vir ao Brasil ganhar os milhões do Flamengo, deu com os burros n’água.
O Flamengo desde 2020 tenta emular a experiência vitoriosa (quase coincidência) de Jorge Jesus, o primeiro “mister” português, que tirou o Flamengo da draga, de décadas de participações medíocres nos campeonatos nacionais e sul-americanos, apesar do clube ser uma das maiores potências no Brasil, a maior torcida e, segundo dizem, de maior devedor, passou a ser o mais rico, uma equação financeira que até hoje não consigo acreditar que seja real.
Ver o treinador português em campo, na fria Atibaia, dando ordens, orientando, e em paralelo, Dorival Jr correndo no aeroporto para chegar em São Paulo, é algo desolador.
De certa forma, esse “case Paulo Sousa” trouxe à memória a minha demissão da Claro-Embratel, em abril de 2017. Apenas um mês antes de ser cortado, tinha sido “homenageado” pelos meus 15 anos como “colaborador” da empresa, fui um dos agraciados com premiação e com festa num teatro, discursos da alta gerência, gravações de minha família, uma de minhas filhas estava em tratamento de Leucemia, deu entrevista para eles.
Mesmo assim, ao final de um dia de trabalho, lá pelas 16 horas, fui chamado à sala de reuniões, sem a presença dos demagogos da alta gerência, simplesmente me mandaram embora, sabendo da situação grave pela qual passava. Obviamente que não aceitei assinar nada, sem garantias do plano de saúde, que seria de apenas por 75 dias (correspondente ao “aviso prévio”), Consegui manter o plano de saúde para minha filha, até seu óbito, um ano e meses depois.
Somos descartados, descartáveis, simples assim.