A vaidade é grave defeito humano quase inescapável, de tão complexo esse sentimento, dele pode derivar, ou melhor, desencadear uma série de outros defeitos, que fatalmente afetam o caráter, em primeiro lugar, e outras questões como empatia, convivência a dois, coletiva.
O combate à vaidade é um processo cotidiano, de forte luta interna e para acordar para essa tremenda falha. Dela vem tanta coisa junta, ambição, egocentrismo, desprezo pelos que nos rodeiam, perda de humildade e falta de solidariedade, camaradagem.
Quando se desperta sobre a vaidade, algumas vezes é tarde, uma série de pessoas, oportunidades, já se perderam pelo caminho. A reconquista é bem complicada, a (má) fama já se espalhou e mesmo quando se tenta mudar, haverá sempre uma certa desconfiança sobre o propósito.
Vencer a vaidade é uma longa jornada, muitas vezes a percepção se dá em tragédias marcantes, não como castigo, punição, mas que elas te jogam numa realidade nova que todos os valores de antanho, não têm mais o menor sentido, posições sociais, dinheiro, ambição e, claro, a vaidade.
Desde muito cedo tento me desviar da praga, ainda jovem, com ego inflamado, por certa liderança juvenil, capacidade pessoal e uns (maus) incentivos, eram tentações terríveis, que obviamente levam ao desvio do caminho e atalhos, tornando mais difícil o duro combate.
Claro que ainda hoje nos debatemos com a vaidade, de outros tipos, mas tão ruins quanto, obviamente que algumas coisas, elogios, referências, nos enchem de orgulho, nos envaidecem, no entanto a maturidade nos ajuda a refrear maiores arroubos, um controle melhor.
Mas como posso não vibrar quando vejo uma curtida num post pela minha eterna prefeita de Fortaleza, a Maria Luiza Fontenelle? Ou quando meu conterrâneo genial, Ednardo, curte uma publicação? Um post do grande Lênio Streck cita um artigo meu de forma elogiosa, é uma baita honra.
Ser amigo de Ana Lúcia Silva, a primeira mulher na direção da CUT, lá do começo, com quem tanto aprendi e aprendo ainda hoje. Ana me apresentou José Antônio Martins, do Núcleo 13 de maio, grande economista que me incentivou a ler o Capital. Ter convivido com os grandes companheiros, como Henrique Acker, Helder Molina, Susana Durmond, Maria Léa, Martiniano Cavalcante, em jornadas históricas nas lutas de esquerda, nos piores momentos do pós muro de Berlim.
Conversar com o grande mestre Juarez Tavares, trocar ideias com o mestre Marcelo Cattoni, a amizade com Inocêncio Uchoa e Ângela Uchoa, são essas as pequenas vaidades, ou honrarias, que a dura vida nos trazem, que amenizam as dores e nos fazem sorrir.
Pouco ou nada importa o que fiz, fui, sou, a vida tem seus próprios mistérios, e se confirma sempre comigo.
Termino com mais uma música da sexta, em homenagem ao grande amigo que partiu, Lufeba.