Arnobio Rocha Filmes&Músicas Drão – Mais uma Vez – Hamilton de Holanda&Mestrinho

Drão – Mais uma Vez – Hamilton de Holanda&Mestrinho


Drão – a genialidade do poeta Gilberto Gil.

Drão!
O amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão

Reencontrei Drão num momento extremo de minha vida, com a partida de minha filha Letícia, ouvi tantas vezes, num show em que Gilberti Gil cantou-a com Caetano Veloso, uma joia de grande dor e beleza. O sentido da letra, a separação, entre vivos Sandra e Gil, o fim de um amor, óbvio que não é a mesma coisa, do que vivia, a minha perda é para sempre, eterna, uma quebra de vida.

Tempos depois, em meio à pandemia, Drão ressurge através e pela maior voz da Música Popular Brasileira, o anjo em vida, Milton Nascimento, que não cansar de dizer que ele personifica a voz divinal, que se D´Us ou algo superior existir, Milton é sua voz, é o que nos faz duvidar de que ele não é feito de nós, mas de coisa muito maior, muito acima do humano.

Milton recria Drão, como um presente para a humanidade, uma homenagem ao genial Gil, uma forma de dar esperança ao país entregue aos ratos, ao que há de pior no mundo. Mas Milton nos redimiu, não sei se seria sua última gravação, pois ele anunciou que está parando, um merecido descanso de entidade, desse avatar, que mesmo doendo muito, sua voz vai nos levar ao éden (ou não).

Para minha surpresa, enorme, hoje, passando de música em música no youtube, estava ouvindo, Milton cantando Corsário, de João Bosco e Aldir Blanc, eis que vem um novo Drão, não qualquer coisa, mas uma sinfonia, um tango, um jazz, um forro, um tudo, com a absoluta beleza da criação de Hamilton de Holanda e Mestrinho.

O bandolim de Hamilton em profundo diálogo com a sonoridade do acordeom de Mestrinho, só a musicalidade já valia, mas eles cantam, o sotaque sergipano de Mestrinho dá uma dimensão diferente, um estranhamento, que só os clássicos provocam, aquilo que lhe vem tirar do prumo e o desejo de que não acabe nunca, que interpretação.

Passei o dia ouvindo, sorvendo, querendo mais e mais, pois a música não se esgota em si, ela pulula na mente e no corpo, uma energia que renova a vida a esperança de viver, pois há beleza no mundo, nesse Brasil de tanta contradição, miséria, ao mesmo tempo de beleza e poesia.

Somos isso e muito mais.

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