1858: A Liberdade das Redes Sociais ou seria Prisão Ideológica?

O Pesadelo continuado de uma realidade paralela sem fim,

“como em sonho tenho o espírito: acorrentado” (A Tempestade – W. Shakepeare)

A péssima sensação de que o mundo travou na noite entre 31.12.2019 e o eterno 2020.

O dia seguinte, ao 2019, começou uma realidade paralela continuada. Poucos atos humanos foram efetivados e um houve um travamento total. Iniciado, aqui no Brasil, naquilo que poderia ser denominado como o 15 de março, a coincidência dos idos de março que levou Júlio César, pelas mãos de amigos, até do filho, Brutus. O mesmo mês da inauguração da ditadura civil-militar de péssima memória.

A frase de Nietzsche de que “a arte existe para que a realidade não nos destrua”, pode ter uma leitura inversa, nesse tempo de realidade virtual, de que a realidade existe para que a arte não nos destrua. É que vivemos numa distopia, num mundo das artes, prisioneiros de uma fantasia ruim, que só a Realidade poderia nos devolver o que era vida, vivida por séculos e milênios.

O que se sente é que o estupor predomina sobre outras formas de consciências, até mesmo de sonhos, produções artísticas, literárias, que era o elemento não conhecimento até então. Essa vivência como não realidade, de um pesadelo ao outro, um jogo iniciático sem fim, ou que não se consegue entender, compreender para onde levará a humanidade.

O tempo-espaço criado pelas Redes Sociais moldou novos tipos de comportamentos extra-sensoriais, completamente diverso da experiência humana.

A aparente liberdade absoluta propalada pelas Redes, no fundo esconde uma espécie de prisão, extraordinária, sem nenhuma sutileza, que avança no sentido oposto ao conceito de Liberdade. E quanto mais se clama por liberdade, menos se tem, mais preso, sem saída, sem privacidade, sem individualidade, capturados por ordem de algoritmos capazes de predizer cada passo que será dado, por cada um.

Ora, a Pandemia, o isolamento social (NECESSÁRIO) aprofunda a experiência do sentido da prisão, não no aspecto de sair às ruas, andar por qualquer lugar, viajar, mas no aspecto da dependência que se criou às Redes Sociais, como última (única?) fronteira da vida, conhecimento, ideias, realizações, reconhecimento público, palco e plateia da tragédia humana.

Para onde se vai?

Somos feitos da matéria dos sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono (A Tempestade)

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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