“Desta vez, osso de meus ossos e carne de minha carne, esta será chamada ‘mulher’, pois foi tirada do homem.” (Bereshit 2:23)
Adão, o primeiro homem, nascido do barro e do sopro de D’Us, estava ali na reflexão do fim do dia, no Jardim do Éden, peladão, pois no princípio não havia pudor, bateu aquela solidão, uma quarentena, sem ninguém, a sua mão “inocente” seria sua única fonte de prazer.
Adão pensou: Tudo isso, minha propriedade privada, mas não tem para quem deixar, quem vai ajudar arrumar essa bagunça que passo o dia todo a fazer?. Então, D’Us, se apiedou dele, de sua costela, fez surgir Eva…O resto deu nisso, sem mais nem menos, o Sexo, virou o “pecado original”, todas as culpas da moral judaica-cristã.
Num mundo paralelo, na Grécia, as criaturas nasciam com os dois sexos. Copulando o Céu (Urano) e a Terra de amplos seios, e deles nasceu, as montanhas, os mares e rios, e toda vida, por fim, Cronos, de curvo pensar. Urano, temendo perder seu poder, passa a engolir os filhos, exceto Cronos, por uma artimanha de sua Mãe, a Terra.
Cronos seguindo às ordens da mãe, prepara uma armadilha e corta as genitálias do pai, separando-as, do pênis em ejaculação no mar do Chipre, nasce Afrodite, o amor-do-pênis, a libertação dos dois sentimentos: Amor e Sexo. Ou, por outro lado, pagão, liberou geral.
A sucessão de deuses, que amavam entre si, e com os mortais, Zeus e seus vários amores com deusas e mulheres, variadas metamorfoses, como a de Cisne, para Leda, Touro, nuvem, tudo para reproduzir, pois o sexo era, e é, vida. Dioniso e os muitos prazeres das bacantes, libertam a humanidade, grega, da culpa.
A Criação é um ato humano em que as religiões, ou os aprisionam ou os libertam, pois a sexualidade é sempre vista como a forma, primeira e última, de domínio, especialmente do Homem sobre a Mulher. O que de certo modo é o medo da fêmea castradora, que vai lhe decepar o pênis, na vagina, a boca dentada.
Junito de Souza Brandão, nos ensina que “É o interior da vagina dentada, identificada com a boca, suscetível, por isso mesmo, de cortar o membro viril, no momento da penetração. O desenho da coletânea de poemas de Charles Baudelaire, Les Fleurs du Mal, que estampa uma mulher com a epígrafe Ouaerens quem devoret, “buscando a quem devorar”, é muito sugestivo a esse respeito”.
O pecado judaico-cristão ou a liberdade controlada dos gregos, respondem à sociedade patriarcal, com toda força, impedindo o pleno desenvolvimento humano, suas prisões e seus medos, desejos e castrações, sempre contra as mulheres.