“I’m waking up to ash and dust
I wipe my brow and sweat my rust
I’m breathing in the chemicals” (Radioactive – Imagine Dragons)
#Leucemia : Quando ela bate na sua porta!, foi esse o nome do primeiro artigo contado do que aconteceu naquele fático dia. Há nove anos, 11.06.2010, uma sexta, abertura da copa do mundo na África do Sul, foi o dia que mudou nossas vidas para sempre, que teve seu final, com a morte da Letícia, em 18.11.2018.
Naquele dia, depois de quase um mês que pelo menos dias vezes por semana, a pequena Letícia tinha dores lancinantes, na madrugada por horas a fio.Desesperados dávamos remédios, ficava nos meus braços chorando de dor e ela não passava, até, cansada, adormecer por desmaio de tanta dor.
Já a tínhamos levado para tantos médicos e nenhuma conclusão, era dor nas costas pela mochila, nas pernas pelo crescimento, TPM, até que no Santa Catarina, um plantonista pediu um exame de sangue completo. O Doutor, ouviu a narrativa dos vários episódios e percebeu algo grave, ele era residente em oncologia infantil. Horas depois, a constatação de que era Leucemia.
Dali em diante, Leticia suportou tudo e mais um pouco. De menina, virou uma mulher, sem direito à adolescência normal. Lutou heroicamente, na primeira internação que seria de 7 a 14 dias, ficou 69 dias, 12 de UTI.
Dois anos e meio de muito perrengue, incertezas, perda de cabelos, engorda, emagrece, 102 semanas de quimioterapia, para superar. A linda festa de 15 anos, os sonhos renascendo, deu-se curada em dezembro de 2012, a doença foi debelada, teve alta e espera para quando completasse 5 anos, a cura total.
Entretanto, em 25 de janeiro de 2015 (O Resto é Silêncio), no último ano do segundo grau, a nova leucemia, seis meses e 4 induções (zerar a medula), Letícia se habilitou a começar as 102 semanas de tratamento de poliquimioterapica.
Nesse mesmo ano,2015, com todos os percalços, longe da escola, no fim do ano, a grande Vitória de entrar em odontologia na USP, uma nova esperança, mesmo sob rigoroso tratamento, Letícia jamais perdia aulas, saía da quimioterapia, ia para USP como se nada tivesse acontecido.
A exemplar luta, sua perseverança, fez vencer o segundo tratamento em agosto de 2017. Tudo parecia um sonho, ela muito feliz e realizada, plena, poderosa, senhora de si.
Em 2018, mais conquistas, o congresso do CIOSP, que ela ficou trabalhando num quiosque de um marca dental japonesa, os contatos, as vendas, estava nas nuvens. Depois conheceu o Vini, seu grande companheiro de todas as horas, a renovação de sonhos, agora compartilhados tudo ia bem demais. Uma recompensa por todo o sofrimento passado.
Mas a vida não deu trégua, em novembro de 2018, o funesto desfecho, como descrevi no Diário de Redenção. E assim, seguimos, nem sei como, procurando todos os dias alguma razão para viver e manter sanidade, o que não é fácil, mas teimamos.
Sigamos!!!