840: Desculpe-me, Senhor Adenor Bacchi, Tite.

 

Momento mágico,Tite no meio da torcida – Foto Alexe Sila (Ag Estado0

Em meados de 2004, Tite veio ao Corinthians pela primeira vez, com um time extremamente limitado conseguiu não apenas livrar o Timão do rebaixamento como chegar entre os 5 melhores, por pouco não o levou à Libertadores, até ali a obsessão de 11 em cada 10 corintianos. Naquela época, Tite, não era tratado como folclórico, vinha de ótimos trabalhos nos times do sul, era visto como um Felipão educado.

Esta primeira passagem acabou num enfrentamento de Tite com os novos donos do clube, Kia e MSI, momento conturbado, que se iniciou em 2005 e acabou na segunda divisão de 2008. Tite seguiu seu caminho, fez ótimos trabalhos no Palmeiras e Internacional, incorporando um aspecto mais folclórico, de um palavreado que mais parecia uma pregação de um pastor ou padre, do que propriamente de treinador de futebol, acostumado aos palavrões e chavões, definitivamente era algo diferente.

No final de 2010, com a ida de Mano Menezes para Seleção brasileira, Andrés Sanchez, o homem que transformou o Corinthians num clube de verdade, tirou da cartola um novo nome, o velho Tite, era como se fosse um pedido de desculpas pela demissão da época de MSI. O treinador veio sem empolgar qualquer torcedor, o time estava com dois anos de recuperação, tendo em Ronaldo o seu líder. Reta final do brasileirão acabou não sendo muito feliz, obrigando à ida à pré-libertadores.

Início de 2011, uma inocente disputa, favas contadas, com um desconhecido Tolima, parecia simples, na caminhada rumo ao título da Libertadores, um time de tinha, mesmo velhos, Ronaldo e Roberto Carlos, já com ótima infraestrutura e muito dinheiro, era normal encarar um time desconhecido da Colômbia como um mero jogo para confirmar a vaga. Aqui acontece um vexame sem tamanho, num Pacaembu lotado, o time não jogou mal, mas perdeu muitos e muitos gols, um 0 x 0, vergonhoso, que se transformaria em trágico, com o 2 x 0 na volta. Ali o mundo caiu.

Minhas palavras: “tomara que Corinthians perca para o Palmeiras domingo”. “Tite é muito bom para ser pasto ou padre”. “Uma derrota para o Palmeiras, depois da eliminação e gozação do Tolima, Tite cairá e tudo vai mudar”. “A culpa do pouco futebol e das vaciladas é exclusivamente do Tite, um treinador não vencedor”. Disse mais palavrões impublicáveis, naquele fevereiro de 2011, pois havia uma certeza, Tite não servia ao Corinthians. Primeiro baque, domingo, com todo emocional em frangalho Corinthians venceu o Palmeiras com gol de Alessandro, o limitado lateral da série B.

A campanha do Paulista 2011 foi boa, o time chegou ao vice-campeonato diante do Santos, já não contava nem com Ronaldo, nem com Roberto Carlos, também tinha saído Elias. Mas parecia que o Tite finalmente assumira o controle do time, jogava o suficiente para vencer, com muita dedicação à marcação e um gol qualquer. O brasileirão começou com uma sequência incrível de vitórias, disparou na frente, mesmo com alguma queda de ritmo, Tite soube segurar o elenco, ressuscitando, exorcizando em parte a fama de treinador limitado.

Quando houve questionamentos ao trabalho dele no meio do brasileirão de 2011, eu já tinha feito autocrítica, Tite era muito mais que um Pastor ou um Padre, era um homem de convicções, mesmo quando o time não jogava bem, percebia-se claramente uma organização tática, um conceito, principalmente um comando. Jamais o time perdeu por 3 gols ou deu vexames, era um time aguerrido, mesmo quando perdia. Reconheci um novo Tite, ou melhor, ele sempre foi assim, mas com o tempo o time respondeu aos seus conceitos.

A redenção definitiva veio em 2012, aí nem preciso mais falar, de tudo o que Tite fez pelo Corinthians, mesmo com estrelas e vitórias, conseguiu domar os egos, trazer na mão o time, sem estrelismo pessoal, afetações ou mudança de atitude. Ontem voltou a vencer mais um campeonato, hoje, Eu tenho que pedir desculpas públicas ao maior treinador da história do Corinthians, não apenas pelos resultados espetaculares, mas pela dedicação e compromisso com o clube, profissionalismo e amor ao trabalho, respeito com a torcida e jogadores.

Parabéns, Tite, minhas desculpas e meu eterno agradecimento, que permaneça por mais anos e que se sair seja mais que feliz, pois você merece, de verdade.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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