Por volta do dia 20 de Novembro o trabalhador fica feliz em ver pingar na sua conta a metade do seu 13º salário, sorri feliz, mas mal sabe ele que a temporada de “confraternizações” e “festas anuais” de todos os tipos também estão começando, e aquele suado dinheirinho será pouco diante de tanto eventos que ele terá que comparecer, com ou sem vontade, afinal é o “Espírito Natalino” que toma conta do mundo, não importa se é cristão, judeu, muçulmano, ateu, cada um será convocado.
Nem adianta tentar fugir, vejamos as contas rápidas, se você tem um ou dois filhos(as), o que te reserva, mas mesmo quem não tem nenhum, aparecerá a filho de um amigo, um sobrinho pra lhe “cobrar” a participação em alguma causa ou evento escolar. Peguemos o meu caso, duas filhas, um no nono ano outra no quinto ano, ambas fazem teatro na escola:
1) Apresentação de teatro, sorte do dia, ambas na mesma data, ano passado em dias diferentes, mas não importa, cada uma terá que pagar: a) roupas da apresentações; b) filmagem – cada uma, um DVD ; c) Saída para comemorar com os amiguinhos;
2) Encerramento do ano, duas festas, mais roupas ou camiseta e/ou prendas para sorteios, mais valor da festa dividido por alunos;
3) Escola invariavelmente faz caridade de fim de ano com o dinheiro alheio, adote uma criança carente com pacote de roupa, calçado e brinquedo;
4) Neste período sempre rola uns encontros de despedidas anuais, alguns amiguinhos saem da escola, já viu para quem sobra;
5) Passeio ou acampamento, formando do 1º grau é sempre um hotel caro;
Para sua sorte você ainda não tem filhos, mas seu sobrinho há de lhe chamar, você terá que ir ver como o peralta se sairá declamando uma poesia ou apenas sendo um mero figurante na peça de fim de ano, disto ninguém escapa. Mas como você não está com sorte ainda é convocado para ir ver apresentação, qualquer que seja de filhos de amigos, uma dança, um instrumento musical, afinal é fim de ano.
Eis que você trabalha numa empresa, com vários departamentos, momento delicado, você não pode ser um AS ( Anti-Social), pega mal, fica mal visto, então terá que tolerar os 3, 4 ou 5 eventos: Seção, Departamento, Diretoria e Empresa. Sabe aquele “amigo” que passa o ano te enchendo de “Espírito Natalino”, ele vai te abraçar desejando “boas festas”, mas não se preocupe, cada almoço ou happy hour você também é convidado a pagar e ainda sorrir, afinal tudo se fará pela nobre causa do “Espírito Natalino”.
Mas a coisa não para por aí: Portaria do Prédio, na Padaria, no Restaurante, na Feira, no Estacionamento, todos querem a caixinha de Natal, olha, não adianta dar Panetone, o que se quer é dinheiro. Para sua “sorte” você ainda terá que reservar todos os dias das semanas pré-natalinas para os encontros: Amigos da infância, do maternal, do primeiro ano do primeiro grau, do ginásio, da faculdade, etc. Todos lembram de você, principalmente como mais um para “rachar as despesas”. É batata, as rede sociais amplificam os convites, você não tem como escapar mais, seu nome será espalhado como “furão” se desaparecer.
Já viram que nem com a segunda metade do 13º salário cobrirá as despesas. Ok, fui ranzinza demais, né? Mas afinal por que só temos este “Espírito de Natal” uma vez por ano, mas sempre com uma dose cavalar e estressante de eventos? Aqueles sorrisos e abraços falsos, poderiam ser verdadeiros se fossem distribuídos o ano todo. As festas e confraternizações não precisam de “data especial”, não deixaremos de ser amigos ou nos tornaremos mais amigos se nos vemos no Natal.
Viva “Espírito Natalino”, no ano todo. Sem consumismo, afinal nem falei nas dezenas de presentes que teremos que comprar, né?
Esse é meu discurso já faz tempo, estou comprando briga com um monte de “cristão”, mas preocupação zero. Filho já adulto e ainda mais crítico do tema que eu já é um aliado.
Feliz Natal! Simples, não?
Beijão