626: Os Desafios de Haddad

 

Dilma e Haddad: Uma parceria por São Paulo

 

O primeiro artigo sobre eleições, foi de saudação da vitória de Haddad, no domingo, Haddad: O Futuro Venceu, no calor da emoção, agora vamos começar a debater quais os principais desafios do novo prefeito eleito.  Este novo texto é uma abertura aos meus leitores para que, juntos, pensemos formas de contribuir com a nova gestão, compreendendo seus desafios e enfrentando-os, além de ajudar no contraponto midiático, que naturalmente Haddad, sofrerá. Defender nossas conquistas e avançar nelas.

A Construção Programática

 

Haddad venceu uma das mais importantes eleições da história do PT, por razões bem simples. A primeira dela, maior, era seu primeiro embate eleitoral, sem experiência no traquejo e malandragens dos debates ou abordagem da mídia, tudo conspirava contra. Segundo,porque, São Paulo, tem duas gestões petistas anteriores sem boa avaliação, com um cerco midiático terrível, não se conseguiu demonstrar algumas ótimas inovações das gestões. Terceiro, porque enfrentava o maior nome nacional do PSDB, último candidato à Presidência, com recall altíssimo. Quarto, durante a campanha TODAS as manchetes dos jornais, revistas e TV, foram prejudiciais ao PT, sobre o “Mensalão”. Quinto, logo de saída, Erundina foi vice, depois saiu atirando, devido o apoio de Maluf.

Apesar de todos os problemas elencados, Haddad, construiu uma excelente plataforma, um programa claro de governo, partindo de 3 %, cresceu e consolidou sua passagem ao segundo turno, cumprindo à risca aquilo que o gênio político de Lula determinara. A escolha pessoal do ex-presidente foi fundamental para abrir espaço e revelar um candidato com muitas qualidades e brilho próprio. Era um “poste” mais que iluminado, com um currículo sólido, com conhecimento da máquina pública e ciente dos grandes problemas da cidade, em nenhum momento deixou questões sem resposta, o que já é um grande mérito.

Agora vencida a batalha começa a verdadeira guerra, que é administrar um MONSTRO. Tudo em São Paulo é superlatvido, relembremos que a heroica gestão de Erundina, que chegou ao governo num tempo em que a prefeitura dependia completamente de repasse estaduais e federais, além da inexperiência do partido. Depois com Marta, apesar de ótimos programas como Bilhete Único, corredores de ônibus e CEU, a inabilidade e arrogância dela, em comunicar programas impopulares à classe média, como a taxa do lixo, acabou maculando o trabalho. Basta lembrar que Serra e Kassab, suspenderam a Taxa do lixo, mas simultaneamente fizeram um tarifaço com aumento generalizado de IPTU por dois anos seguidos de mais de 50%, a mídia os protegeu de qualquer crítica. Depois criaram a famigerada Controlar, uma empresa mais que suspeita, ligada aos seus financiadores de campanha, com uma TAXA altíssima sem destinação clara.

Os Problemas e os Caminhos da Cidade

 

Por tudo isto, nos leva a intuir,  que os tempos serão muito difíceis, mais uma vez, o PT chega ao governo num instante de caos administrativo, assim como Marta recebeu a prefeitura quebrada por Maluf-Pitta, agora Serra-Kassab triplicaram as dívidas da cidade, com a incrível dívida pública de 60 bilhões. A máquina toda dominada por terceirizações, até na arrecadação de tributos, Serra-Kassab, contrataram empresas de fora, onerando o orçamento. A educação largada, os projetos dos CEU foram abandonados nos 7 anos iniciais, apenas retomados neste ano eleitoral. A Saúde, a dupla Serra-Kassab, retomaram a terceirização indireta, repetindo o erro de Maluf-Pitta, com o famigerado PAS, que hoje se materializa nas OS, que “compra”leitos nos hospitais. Culturalmente a cidade viveu dos eventos de “Viradas” com seus famosos esquemas contratados.

A prioridade geral será equalizar a dívida, com refinanciamento e uma limpeza geral dos contratos terceirizados, revalorizando o servidor público, eliminando funções inúteis, além de reformular as subprefeituras, hoje ocupadas por coronéis da PM reformados, nada menos que 31 dos 32 gestores regionais. A formação de uma equipe que pense São Paulo como metrópole, humana, pungente, que aproveite as imensas potencialidades da cidade. Uma gestão voltada, como disse Haddad no discurso de eleito, que “quebre o muro vergonhoso que separa a parte rica, da parte pobre”. A cidade sobreviveu aos 8 anos de obscurantismo, precisa volta a funcionar.

Retomar os corredores de ônibus, encontrar uma solução criativa para mobilidade urbana, que não priorize os carros, com vias rápidas, semáforos inteligentes, CET com capacidade não apenas de Multar, mas agilizar o trânsito. Pensar nas bicicletas, com criação de bolsões de estacionamentos para elas, em estações de metrô e terminais de ônibus. Como a malha viária urbana é complexa, seria mais inteligente criar interligações articuladas: Bicicletas-ônibus(metrô)-Metrô(ônibus), que facilite o deslocamento. A mobilidade é passo fundamental na qualidade de vida urbana, o que causa mais estresse e doenças.

A educação é tema que Haddad domina completamente, as ideias dos CEUs, sua requalificação, voltar ao projeto inicial, como centro da comunidade que ensina os filhos e os pais, além de proporcionar lazer, cultura e esportes, humanizando os bairros, abrindo as portas para cidadania, participação popular, a escola de todos e para todos. Com incremento de uso da era digital, substituição de livros, uso de Notebooks, Tablets, a preparação de um novo cenário de ensinar/aprender de professores e alunos. Uma nova geração que prepare a cidade, o país, para um novo tempo.

A Saúde foi muito bem abordada na campanha, repensar os convênios onerosos, que não chega às pessoas mais pobres, o modelo não é inclusivo, apenas atende a demanda dos hospitais privados. O atendimento nas Unidade Básicas de Saúde, com hora marcada, com melhoria da comunicação com os pacientes, incentivos a sua digitalização com cadastros eletrônicos, compartilhados com rápido acesso. A distribuição dos remédios, as doenças localizadas por incidência, onde melhor distribuir os especialistas.

Os movimentos sociais e de diversidades, desta cidade tão múltipla, foram simplesmente relegados ao quinto plano, abrindo as portas ao ódio, preconceito, homofobia e principalmente a criminalização das lutas, os proibidões de tudo, uma cidade que não permitia a liberdade de movimentos e circulação, uma visão paranoica que tem que acabar. A prefeitura tem obrigação de dialogar com seus cidadãos e suas manifestações políticas, culturais, sociais, religiosas e sexuais, sem jamais impor condições ao debate.

A mobilidade digital, não se pode mais pensar em São Paulo com carimbos, assinaturas, cópias, autenticações, os serviços públicos TODOS dever ser colocados na internet, facilitando de todas as formas o acesso, pagamento, retirada de documentos, taxas e tributos, sem precisar a presença nas repartições púbicas. As certidões, comprovantes e demais registros feitos direto de casa. O cidadão não pode, nem deve se deslocar para coisas tão simples, o portal da prefeitura, além da transparência ampla e irrestrita de seus gastos e projetos, devem facilitar a vida do cidadão, para que ele controle seus gestores e cobre eficiência e qualidade do serviço.

A comunicação com o cidadão não pode se restringir à formalidades, se revestir de meros comunicados e propagandas, o prefeito, seus secretários deve, subprefeitos, gestores de empresas públicas, sempre que possível, se reunir diretamente com seus cidadãos, com canais rápidos e simples, com interatividade, a internet, pode facilitar, as autoridade devem usar de forma mais ampla possível. Promover debates, comunicar decisões, explicar os caminhos da gestão, ouvir o cidadão, trazer a participação direta, cobrar, sugerir. Hoje, é muito mais simples se fazer entender, de forma mais rápida e eficaz, sem os “intermediários” de mídia.

Tem muito mais coisas, estes, por enquanto são as coisas que vejo como iniciais, para começar um novo tempo em São Paulo, para provarmos que : O futuro Venceu.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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